sábado, 27 de dezembro de 2014

Resumo biográfico

Resumo biográfico

Em 20 setembro de 1999, cursando Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, assisti uma palestra do professor Doutor Miguel Wady Chaia a respeito da Guerra em Shakespeare.
Parece que ocorreu-me o mesmo “despertar” de Kant ao ler David Hume: “despertei de meu sono dogmático”. Citando a Harold Bloom: “antes de Shakespeare, os personagens literários são, relativamente, imutáveis. Homens e mulheres são representados, envelhecendo e morrendo, mas não se desenvolvem a partir de alterações interiores, e sim em decorrência de seu relacionamento com os deuses. Em Shakespeare, os personagens não se revelam, mas se desenvolvem, e o fazem porque têm a capacidade de auto-recriarem (...) para tais personagens, escutar a si mesmos constitui o nobre caminho da individuação, e nenhum outro autor, antes ou depois de Shakespeare, realizou tão bem o verdadeiro milagre de criar vozes, a um só tempo, tão distintas e tão internamente coerentes, para seus personagens principais, que somam mais de cem, e para centenas de personagens secundários, extremamente individualizados”.
 A partir dessa narrativa de Bloom,  “em que quanto mais lemos e refletimos sobre as peças de Shakespeare nos damos conta de que a reação certa é admiração. A primeira obra de Shakespeare, fruto dessa “iluminação”, e no qual li com olhar de cientista social foi A tragédia do rei Ricardo III.
Fascinado pela leitura e o encanto do personagem protagonista, dediquei, a partir de então, em minha carreira acadêmica na interpretação política das peças shakespearianas, em especial, os Dramas Históricos. Como pontua Bloom, “as peças shakespearianas continuam a ser o limite máximo da realização humana: seja em termos estéticos, cognitivos, e, até certo ponto, morais, e mesmo espirituais. São obras que se colocam além do alcance da mente. Não somos capazes de atingi-las. Shakespeare prossegue “explicando-nos”, em parte, por que nos inventou”.
No Mestrado, em 2003, defendi a dissertação intitulada A tragédia política de Ricardo III na PUC/SP, no qual a publiquei em 2012 pela Azougue editorial. Orientado por Miguel Chaia o professor prefaciou a obra com os seguintes dizeres:

Este livro [A Tragédia da Política em Ricardo III] é uma ousadia intelectual e um instigante produto acadêmico. José Renato faz parte de um grupo de intelectuais que percebeu na contemporaneidade a complexa relação entre as áreas de saber e busca borrar as fronteiras que compartimentam a inteligibilidade do mundo. Nesse sentido, o autor supõe que também a arte – como a filosofia e a ciência – é um exercício de pensamento e criação capaz de gerar diferentes formas de conhecimento. Especialmente, no caso deste livro, o autor seleciona peças de William Shakespeare para realizar uma investigação das relações de poder, problematizando questões clássicas que envolvem a sociabilidade humana.

Publiquei de 2006 a 2014, inúmeros artigos em sites, blogs e revistas acadêmicas.
No doutorado, em 2009, com orientação de Miguel Chaia, defendi a tese William Shakespeare e a teoria dos dois corpos do rei: a tragédia de Ricardo II, no qual pretendo publicá-la nesse ano de 2014. A obra será publicada pela Azougue editorial. O professor e cientista político Reginaldo Teixeira Perez prefaciará a obra.
Hoje professor do Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ainda Shakespeare permanece como fonte de estudos, projetos de extensão e pesquisas.
Após quase duas décadas, lendo, estudando, pesquisando, assistindo filmes e adaptações no teatro, “considero Shakespeare um enigma insolúvel”, parafraseando Harold Bloom.


Nenhum comentário:

Postar um comentário