sábado, 27 de dezembro de 2014

Perder as palavras

Perder as palavras

A vida é uma jornada de nascimento à morte, uma caminhada ao mesmo tempo externa e interna, pelo período que nos couber. Como diria Cecília Meireles, “entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos afligidos”.
Mas, há momentos em nossa existência, em que os desejos mais agudos e que nos angustiam são silenciados diante do belo.
A contemplação do belo é realmente um verdadeiro aproximar-se da luz divina e um afastar-se das trevas. É um momento mágico e de sublime deleite aos olhos, o espelho da alma. Sinto-me tão frágil, tão inexistente, mas ao mesmo tão ardente e sedento por contemplá-la novamente.
 Encontrei a perfeita definição, na obra Confissões de Santo Agostinho (354-430), em trecho que trata a respeito da relação dicotômica entre luz-sabedoria – trevas-ignorância: “(...) que luz é esta que me ilumina de quando em quando e me fere o coração, sem o lesar? Horrorizo-me e inflamo-me: horrorizo-me enquanto sou diferente dela, inflamo-me enquanto sou semelhante a ela. É a Sabedoria, a própria Sabedoria que bruxuleia em mim e rasga a minha nuvem. Esta me encobre de novo quando desanimo por causa da escuridão e do peso das minhas misérias(...)”.
Para mim, a beleza feminina é um toque majestoso do Criador. Como diria meu pai: “Se o criador estabeleceu as regras da natureza para a criação do universo.  Num momento de divina inspiração, na criação da terra e de seus habitantes. Inovou numa equação, onde incluiu as variáveis: o dedo mágico do pintor, os olhos de lince do fotógrafo, mas com uma visão tão abrangente como  a do sol; a sensibilidade da psicóloga, a sutil mão do  escultor, a extravagante criatividade do arquiteto, o refinado capricho da decoradora, a inefável beleza do próprio paraíso”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário