sábado, 15 de março de 2014

Essa semana, infelizmente, meu artigo e resumo biográfico não foi aprovado no processo de seleção dos 450 anos de Shakespeare. Abaixo meu resumo biográfico: 

Resumo biográfico

Em 20 setembro de 1999, cursando Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, assisti uma palestra do professor Doutor Miguel Wady Chaia a respeito da Guerra em Shakespeare.
Parece que ocorreu-me o mesmo “despertar” de Kant ao ler David Hume: “despertei de meu sono dogmático”. Citando a Harold Bloom: “antes de Shakespeare, os personagens literários são, relativamente, imutáveis. Homens e mulheres são representados, envelhecendo e morrendo, mas não se desenvolvem a partir de alterações interiores, e sim em decorrência de seu relacionamento com os deuses. Em Shakespeare, os personagens não se revelam, mas se desenvolvem, e o fazem porque têm a capacidade de auto-recriarem (...) para tais personagens, escutar a si mesmos constitui o nobre caminho da individuação, e nenhum outro autor, antes ou depois de Shakespeare, realizou tão bem o verdadeiro milagre de criar vozes, a um só tempo, tão distintas e tão internamente coerentes, para seus personagens principais, que somam mais de cem, e para centenas de personagens secundários, extremamente individualizados”.
 A partir dessa narrativa de Bloom,  “em que quanto mais lemos e refletimos sobre as peças de Shakespeare nos damos conta de que a reação certa é admiração. A primeira obra de Shakespeare, fruto dessa “iluminação”, e no qual li com olhar de cientista social foi A tragédia do rei Ricardo III.
Fascinado pela leitura e o encanto do personagem protagonista, dediquei, a partir de então, em minha carreira acadêmica na interpretação política das peças shakespearianas, em especial, os Dramas Históricos. Como pontua Bloom, “as peças shakespearianas continuam a ser o limite máximo da realização humana: seja em termos estéticos, cognitivos, e, até certo ponto, morais, e mesmo espirituais. São obras que se colocam além do alcance da mente. Não somos capazes de atingi-las. Shakespeare prossegue “explicando-nos”, em parte, por que nos inventou”.
No Mestrado, em 2003, defendi a dissertação intitulada A tragédia política de Ricardo III na PUC/SP, no qual a publiquei em 2012 pela Azougue editorial. Orientado por Miguel Chaia o professor prefaciou a obra com os seguintes dizeres:

Este livro [A Tragédia da Política em Ricardo III] é uma ousadia intelectual e um instigante produto acadêmico. José Renato faz parte de um grupo de intelectuais que percebeu na contemporaneidade a complexa relação entre as áreas de saber e busca borrar as fronteiras que compartimentam a inteligibilidade do mundo. Nesse sentido, o autor supõe que também a arte – como a filosofia e a ciência – é um exercício de pensamento e criação capaz de gerar diferentes formas de conhecimento. Especialmente, no caso deste livro, o autor seleciona peças de William Shakespeare para realizar uma investigação das relações de poder, problematizando questões clássicas que envolvem a sociabilidade humana.

Publiquei de 2006 a 2014, inúmeros artigos em sites, blogs e revistas acadêmicas.
No doutorado, em 2009, com orientação de Miguel Chaia, defendi a tese William Shakespeare e a teoria dos dois corpos do rei: a tragédia de Ricardo II, no qual pretendo publicá-la nesse ano de 2014. A obra será publicada pela Azougue editorial. O professor e cientista político Reginaldo Teixeira Perez prefaciará a obra.
Hoje professor do Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ainda Shakespeare permanece como fonte de estudos, projetos de extensão e pesquisas.

Após quase duas décadas, lendo, estudando, pesquisando, assistindo filmes e adaptações no teatro, “considero Shakespeare um enigma insolúvel”, parafraseando Harold Bloom. 

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