segunda-feira, 17 de março de 2014

Escrever: feitiçaria evocatória 

Escrever é uma vocação imperiosa e nem todo mundo tem vocação. Li, certa vez, que o grande escritor francês Victor Hugo queria ser Chateaubriand ou nada. Um escritor nato escreve porque tem alguma coisa para dizer e só pode dizê-lo escrevendo. 
Creio que a vontade, o sentimento, a alegria ou a tristeza faz a brancura da página desaparecer. Escrever apesar dos fracassos e das críticas hostis é algo que me atrai. Na realidade, ainda carrego a ilusão e o sentimento de libertação e de trunfo, por uma frase perfeita, caracterizar um objeto, um sentimento, narrar com brilhantismo os feitos heroicos de personagens históricos.
Escrever é uma religião. Une as pessoas de uma maneira que não pode ser alcançada por outros meios. Escrever exige cuidados e trabalhos incríveis. Quantos arrependimentos! Quantas correções em espiral que mutilam o texto na versão inicial.
Mas é um verdadeiro êxtase em que, numa noite, escrevemos trinta, vinte, dez páginas. Esse momento de criação feliz é cheio de esperança. Sonhamos com um texto bem acabado, bem apresentado, profundo e vibrante. Como diz Baudelaire, “manejar sabiamente uma linguagem é praticar uma espécie de feitiçaria evocatória”.
Por fim, suponho que escrever exige estilo. O estilo é a mão do temperamento sobre a natureza das coisas e dos homens. Sem temperamento, não há estilo. Sem paixão, não há estilo. Sem inspiração, não há estilo.

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