quinta-feira, 27 de março de 2014

As diferenças entre as políticas colonialistas dos dois grandes impérios ocidentais, os da Grã Bretanha e da França segundo John. G. Stoessinger na obra O poder das nações.
Grã Bretanha
Exercia uma forma indireta de controle sobre suas possessões. O governo operava mediante padrões administrativos locais já existentes e, em geral, permitia certo grau de participação nativa. Um vice rei costumava simbolizar o poder do Império britânico, mas esse vice rei, apesar de resplendente na pompa de seu cargo, fazia questão de não interferir nos costumes locais, a menos que tais costumes pussessem em perigo o interesse do império. Os britânicos desenvolviam sua ideia de uma Comunidade de Nações, que em nosso tempo deveria suplantar aos poucos o império, passaram eles a preparar suas dependências para que elas mesmas, posteriormente, passassem a governar. Logo a evolução política de seus territórios os qualificava para secessão e para a independência.
França
O conceito francês de governo era emanado diretamente de Paris, que, na primeira fase de sua colonização, não permiitiu nenhuma forma de governo local. As colônias de ultramar eram consideradas parte da França, tanto quanto a Normandia e a Bretanha. A meta última do governo colonial francês era a assimilação ao modo de vida francês; em outras palavras, a "francificação". Isso significava maior integração no modo de vida francês e maior participação no governo da metrópole.
Sugestões de obras para o acervo bibliográfico particular:
1) Diplomacia - Henry Kissinger
2) Ascensão e Queda das Grandes Potências - Paul Kennedy
3) Obras do historiador de Eric Hobsbawm - Era dos Impérios, Era das Revoluções, Era dos Extremos, Tempos interessantes
4) O fim da História e o último homem - Francis Fukuyama
5) O choque de civilizações - Samuel P. Huntington
6) Sobre a China - Henry Kissinger
7) Precisará a América de uma Política externa? - Henry Kissinger
8) A grande ilusão - Norman Angell
9) Vinte anos de crise - Edward Hallet Carr
10) Conflito e cooperação nas RI - Joseph Nye
11) A política entre as nações - Hans Morgenthau
Resumo da obra Imperialismo: última fase do capitalismo

A principal obra comunista sobre o imperialismo é Imperialismo: última fase do capitalismo, de Lênin. Esse trabalho, fortemente influenciado pelo estudo do Imperialismo, de J. A. Hobson, publicado em 1902, ainda representa a interpretação soviética oficial do imperialismo do ocidente, tendo conquistado ampla aceitação nos países recém-aparecidos na Ásia e na África. Merece, portanto, uma análise cuidadosa. A tese de Lênin baseia-se na concepção marxista de que a luta econômica nas sociedades altamente industrializadas da Europa conduz necessariamente ao capitalismo monopolista. À medida que esse estado de coisas evolui, ocorre uma concentração cada vez maior de riquezas nas mãos de um número cada vez menor de indivíduos, havendo um grupo sempre crescente de desapossados a engrossar as fileiras do proletariado. No ponto referido como de "concentração capitalista", os poucos monopolistas remanescentes não tem outra alterantiva senão voltarem-se uns sobre os outros. Quando a luta atinge essa fase, afirmava Lênin, o capitalista descobre um paliativo que lhe permite afastar por algum tempo a catástrofe inevitável que o espera às mãos de desapossados. Esse paliativo é o imperialismo. os capitalistas, em lugar de se voltarem uns sobre os outros, passam então anexar colônias ultramarinas, que lhes proporcionem novos mercados para a exportação de capital, aliviando-lhes, assim, os mercados altamente saturados e abrindo-lhes novas perspectivas. Mas essa solução, afirmava Lênin, representa apenas uma suspensão de pena, não é uma anistia; o imperialismo é somente uma última e desesperada manobra pela qual os capitalistas se desviam, temporariamente, de seu inevitável colapso. Essa manobra só faz adiar o inevitável. Daí que, na perspectiva de Lênin, uma política imperialista, praticada por uma nação altamente industrializada, seja indício seguro de que o capitalismo, nessa nação, já alcançou sua fase final que precede a própria decomposição.

sexta-feira, 21 de março de 2014


                                           Por que é impossível agradar a toda gente? 

Há inúmeros motivos e diversas motivações. É a lei da natureza. 
Sempre haverá homens e mulheres que ficarão incomodados com o simples fato de nós existirmos. Infelizmente, essa é uma constatação desagradável. Ou seja, o nosso êxito há de irritar os indivíduos que cobiçavam os mesmos lugares, o mesmo público. 


Os seres humanos tem uma pele muito sensível. Quando se trata deles, a mínima critica fere-os. Principalmente se toca em um ponto vulnerável. São desconfiados como os cavalos, dos quais temos que nos aproximar com precaução. 

Muitos assemelham-se a um ferido cuja chaga parece cicatrizada, mas que solta um grito se algum desajeitado lhe toca na zona sensível. Um mau contato pode despertar um ódio feroz. O mundo está cheio de gente que rejubila com os males que causa e com as desavenças que urde. Se você próprio não tiver arranjado inimigos, eles lhes arranjarão. E depois, há de haver alguns que nutrem por si uma aversão instintiva. 

A aversão tem causas precisas. São os temperamentos, as naturezas, as ideias, os valores, a percepção de mundo. Ao longo de nossa existência, encontraremos adversários que nos querem mal. Porque somos uma negação viva da natureza deles. 

Que conduta assumir? Não responder ao ódio pelo ódio. Quanto aos monstros, suponho que devemos tratar com indiferença e cautela. 

Ao longo da nossa vida, meus amigos, vamos encontrar canalhas asquerosos, seremos traídos por indivíduos que considerávamos amigos, vamos sofrer por pessoas que nem um suspiro mereciam, seremos caluniados de maneira tão estúpida. 

Todas as manhãs temos que dizer para nos mesmos: hoje vou ter que me haver com um importuno,um ingrato, um brutal, um velhaco como dizia o imperador romano Marco Aurélio.

Meus amigos, nessa luta que o mundo nos impõem, participemos com coragem, com disciplina, sem medo e sem ódio.

terça-feira, 18 de março de 2014

Como foi a criação e elaboração do livro?
O livro é fruto de 13 anos dedicados ao entendimento da obra shakesperiana, em especial, a peça Ricardo III. Foi objeto de pesquisa de iniciação científica, mestrado. Senti que era o momento ideal para publicação deste trabalho. Por essa razão, apoiado por alguns alunos de Relações Internacionais, Guilherme Backes, Junior Bourscheid, Juliana Graffunder, Eduardo Wontroba e Taís Röpke, pudemos rever e reavaliar meu mestrado. Com a revisão finalizada pelos alunos e por mim, decidi publicar pela Azougue Editorial do Rio de Janeiro. E o livro está magnífico! 


Como iniciou o interesse em abordar o tema? Ou porque ele foi escolhido?
Partiu de uma situação inusitada que relato de modo breve... No ano de 1999, fiquei sabendo de uma palestra intitulada A guerra em Shakespeare que seria (foi) proferida pelo professor Miguel Wady Chaia. Senti-me atraído pela palestra. Ao final da mesma, tive certeza que este era o tema para ser a linha condutora da minha carreira acadêmica. Lembro que duas semanas após o evento, já tinha lido umas dez peças shakesperianas. Fiquei fascinado e apaixonado pelo objeto de estudo. E me encantei com a peça Ricardo III. Iniciei já em 1999, uma pesquisa de iniciação científica sob orientação do professor Chaia. Eu identificava nas leituras prazerosas de Shakespeare, elementos que norteiam a política: conquista, posse, queda do poder, urdiduras palacianas, virtù, fortuna, intrigas, jogos de poder. Ou seja, a arte, como a filosofia e a ciência, é um exercício de pensamento e criação capaz de gerar diferentes formas de conhecimento. Ampliar as fronteiras do conhecimento produzido pela arte e agregar novas possibilidades para a a área do saber foram metas e resultados que eu esperava alcançar e alcancei. 

Quais foram os desafios ao longo da pesquisa?
Creio que o maior desafio foi demonstrar a complexa relação entre as áreas de saber e buscar borrar as fronteiras que compartimentam a inteligibilidade do mundo. Investigar a obra shakesperiana com um olhar de cientista político não é tarefa fácil. Investigar as relações de poder, problematizar questões clássicas que envolvem a sociabilidade humana a partir de um drama shakesperiano foi, de fato, um trabalho hercúleo. Mesmo assim, um trabalho que me deixa satisfeito. A conclusão que chego é que a literatura pode fornecer consistentes elementos para auxiliar na compreensão da realidade política. Shakespeare nos transmite pistas para compreensão das quebras de legitimidade do governante, visão cíclica da história, na civilização sucedem-se governos legítimos e governos usurpadores e as trajetórias previsíveis e maléficas dos usurpadores. 


Qual é a expectativa de leitura para o seu publico? 
Suponho que as pessoas gostarão do que vão ler. É uma linguagem acessível, didática, enriquecedora, além de ser um livro marcado por uma série de encontros cognitivos. O primeiro deles é o encontro entre arte e política, à medida que busco elucidar questões das lutas pelo poder e delimitar perspectivas para interpretar a política no seu significado polissêmico. Um segundo encontro propiciado pelo livro é a reunião orgânica entre indivíduo e poder. Ou seja, desdobra-se numa questão polêmica da política, que diz respeito à relação entre ética e governança. E um terceiro encontro, vínculo indivíduo, sociedade e guerra, gerando a orgânica reciprocidade entre política e guerra. 

Quais foram os objetos de estudo e porque estes foram escolhidos?
O (s) objeto (s) de estudo (s) da presente obra é a leitura política da peça Ricardo III e o entendimento em torno do conceito de política como tragédia, ou tragédia da política. Essa ideia elucida a trajetória de Ricardo III e aponta tanto para as possibilidades da política quanto para as suas dificuldades. 
Parto do pressuposto que a política é um reino da negatividade, onde os conflitos, as tensões estarão sempre presentes. É uma condição inerente ao jogo político. A tragédia da política é a impossibilidade de realização plena da arte do desejável. E considero por fim, outro aspecto que me inquieta intelectualmente, primeiro, a capacidade humana de enfrentar as forças do destino em situações extremas – diante do desafio de contestação; segundo, o conflito entre o possível e o desejável; terceiro,  o exercício de julgamento – escolhas morais difíceis para os políticos – decisões que envolvem objetivos e valores políticos conflitantes.   Ou seja, o ponto central de análise em relação ao estadista que deve destacar as seguintes categorias: interesses, preocupações, intenções, ambições, cálculos e erros de poder, desejos, crenças, esperanças, medos, dúvidas, incertezas.

Há muitos Ricardos III por aí?

A tragédia do rei Ricardo III trata da permanente disputa do poder a qualquer preço e a falta de escrúpulos para a conquista e manutenção dele. Nela, o protagonista é um sujeito manco e corcunda, cuja aparência disforme, segundo o próprio, o impede de usufruir dos prazeres da conquista amorosa, mas não alçar vôos mais altos. No solilóquio inicial ele planeja como chegar ao poder mesmo sendo o sétimo na linha sucessória. Para alcançar seu objetivo, se utiliza de expedientes vis: conspira, manipula, explora, agrega apoios, promove alianças por conveniências momentâneas, articula adesões e coalizões, persegue e condena à morte os opositores. Movido pela sede de poder Ricardo III articula-se nas sombras, ao longo dos atos e cenas, até alcançar o triunfo almejado: o trono inglês. Para se livrar de quaisquer suspeitas de seu envolvimento nas tramas e urdiduras palacianas ele faz uso de subterfúgios conhecidíssimos: esconde-se sob o manto da religiosidade, sobriedade, humildade e outros artifícios de valores éticos e morais.
          Assim o escritor inglês nos ensina, entretém e diverte.  Através da arte teatral fornece elementos constitutivos do homem contemporâneo e suas relações. Essas movidas, muitas vezes, por uma ética individual refletida no uso indiscriminado de inúmeras máscaras como no jogo teatral; múltiplos disfarces agindo conforme interesses ou determinadas circunstâncias. Temos, então, o religioso, o ateu, o humilde, o simples, o culto, o ignorante, o moralista, o liberal, o caipira, o urbano, o ético, o ideológico, o pragmático, o vilão, o herói, o solidário, o benemérito, o sensível, o delicado, o paz e amor, etc. Todos, devidamente,  direcionados ao público alvo a ser atingido. É interessante que
vemos muito do Ricardo III também em séries como Game of thrones - Tyrion Lannister (Peter Dinklage)
 e House of Cards – Francis Underwood (Kevin Spacey) tratam sob uma ótica shakespeariana da dimensão simbólica do poder



A tragédia da política em Ricardo III

                       
A peça
            A peça Ricardo III, escrita entre 1592 e 1593, faz parte dos Dramas Históricos - ao todo são nove – constituí como a tetralogia da Guerra das Duas Rosas, gozando de extraordinária popularidade pelo seu vigor e temática envolvente. A frase “Meu reino por um cavalo” se popularizou ao redor do mundo. Esta é uma das célebres frases das peças de Shakespeare. E foi proferida por Ricardo III, personagem da peça que leva seu próprio nome.
A tragédia do rei Ricardo III trata da permanente disputa do poder a qualquer preço e a falta de escrúpulos para a conquista e manutenção dele. Nela, o protagonista é um sujeito manco e corcunda, cuja aparência disforme, segundo o próprio, o impede de usufruir dos prazeres da conquista amorosa, mas não alçar vôos mais altos. No solilóquio inicial ele planeja como chegar ao poder mesmo sendo o sétimo na linha sucessória. Para alcançar seu objetivo, se utiliza de expedientes vis: conspira, manipula, explora, agrega apoios, promove alianças por conveniências momentâneas, articula adesões e coalizões, persegue e condena à morte os opositores.
Movido pela sede de poder Ricardo III articula-se nas sombras, ao longo dos atos e cenas, até alcançar o triunfo almejado: o trono inglês. Para se livrar de quaisquer suspeitas de seu envolvimento nas tramas e urdiduras palacianas ele faz uso de subterfúgios conhecidíssimos: esconde-se sob o manto da religiosidade, sobriedade, humildade e outros artifícios de valores éticos e morais.








A atualidade da peça e o Brasil

Ricardo III é uma peça carregada de elementos políticos fundamentais intrigas; conspirações; comportamentos políticos; conflitos de poder; diálogos embebidos de retórica, persuasão e convencimento político; discursos de guerra; coalizões; violência; astúcia; dissimulação; incertezas; a inevitabilidade do Acaso; as qualidades, virtudes (virtú) e os vícios do príncipe.
          Tanto o teatro como a política são espaços nos quais somos levados a participar. Ambos exigem engajamento, envolvimento, unidade entre representantes e representados, cumplicidade entre ator (político) e público (cidadãos). William Shakespeare nos revela, através da presente obra, o diálogo entre a política e arte e, consegue manter, evidentemente, a atualidade da peça para os nossos dias.
                   Vivemos uma época em que as práticas e o discurso político são associados à mentira, a farsa, ao engodo de maneira descarada. A ética do indivíduo concebida e desenvolvida no Renascimento se hipertrofiou na contemporaneidade. Notam-se as conseqüências desse ultra-individualismo nas inúmeras doenças culturais que se manifestam na sociedade brasileira: cultura da esperteza, da transferência de responsabilidade, do imediatismo e do superficialismo, do negativismo e da baixa auto-estima, da vergonha da cidadania e patriotismo, do rir da própria desgraça, do desperdício, do consumismo, do tecnicismo, do corporativismo, da politicagem, do fisiologismo e do nepotismo e, por último, a cultura do conformismo. Tais comportamentos viciosos proliferam-se na esfera dos três poderes do Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário – como se observa nos sucessivos escândalos que marcam os noticiários políticos dos últimos anos. 
                   Sabe-se que o poder político permeia as relações humanas e sociais de forma intensa e, por vezes, devastadora. Na visão de Jean-Marie Domenach, todos somos, ao mesmo tempo, vítimas e culpados, ao estarmos imersos no mundo da política.  
                    Inúmeros pensadores, tais como: Maquiavel, Locke, Foucault, Bertrand Russel ocuparam-se em discutir as práticas coletivas dos meandros do poder e das ações sociais. Shakespeare vai além. Em Ricardo III, o poder político se apresenta sem disfarces. O bardo inglês realiza a teatralização da política expressando as tensões e paradoxos que atravessam a esfera do poder: o potencial com que a Política pode contribuir ou impedir a melhoria da condição humana. Nesse sentido, a política para Shakespeare é uma atividade tipicamente humana caracterizada pelo binômio: motivação pelo poder e a inevitabilidade do conflito. Surge daí, uma das novidades da nova perspectiva de compreensão da política, ou seja, o reconhecimento da permanência do conflito. Caracterizar, portanto, a política moderna ou contemporânea é entendê-la como jogo de forças opostas resultantes dos inconciliáveis desejos humanos. Tal "choque de interesses" evidencia o caráter trágico do jogo político: conquista, manutenção e perda do poder.
                             Assim o escritor inglês nos ensina, entretém e diverte.  Através da arte teatral fornece elementos constitutivos do homem contemporâneo e suas relações. Essas movidas, muitas vezes, por uma ética individual refletida no uso indiscriminado de inúmeras máscaras como no jogo teatral; múltiplos disfarces agindo conforme interesses ou determinadas circunstâncias. Temos, então, o religioso, o ateu, o humilde, o simples, o culto, o ignorante, o moralista, o liberal, o caipira, o urbano, o ético, o ideológico, o pragmático, o vilão, o herói, o solidário, o benemérito, o sensível, o delicado, o “paz e amor”, etc. Todos, devidamente,  direcionados ao público alvo a ser atingido.
          Na tragédia política Ricardo III captamos essa ética sendo forjada e desenvolvida. Shakespeare nos revela essa “ética” como um instrumento de poder e nos proporciona ironicamente mergulhar em nossas consciências individuais e notar em nosso interior a presença da sede de poder: o complexo Ricardo III.  O teatro moderno representado nas peças de Shakespeare, bem como o exercício da política na contemporaneidade concebe os homens como sujeitos da história impulsionados à participação - uma das exigências da democracia - não se admitindo o desinteresse, a passividade e fundamentalmente a despolitização.
                   


José Renato Ferraz da Silveira



As máscaras do poder

                   A peça Ricardo III escrita por William Shakespeare entre 1592 e 1593, Drama Histórico que goza de enorme popularidade e prestígio pelo vigor poético e temática envolvente. Trata-se de um dos textos mais encenados de Shakespeare e, desde o dia 18 de maio a capital paulista abriga duas montagens simultâneas de profunda sensibilidade nos quesitos interpretação e adaptação. No teatro Ágora, a montagem de Ricardo III é dirigida por Roberto Lage com adaptação do texto por Celso Frateschi que, também, encabeça o elenco de quatorze atores. No teatro da Faap com tradução e adaptação do escritor, humorista e apresentador Jô Soares que dirige elenco de quinze atores.
                   Vivemos uma época em que as práticas e o discurso político são associados à mentira, a farsa, ao engodo de maneira descarada. A ética do indivíduo concebida e desenvolvida no Renascimento se hipertrofiou na contemporaneidade. Notam-se as conseqüências desse ultra-individualismo nas inúmeras doenças culturais que se manifestam na sociedade brasileira: cultura da esperteza, da transferência de responsabilidade, do imediatismo, do negativismo, da vergonha da cidadania, entre outros. Tais comportamentos viciosos proliferam-se na esfera dos três poderes do Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário - como se observa nos sucessivos escândalos que marcam os noticiários políticos dos últimos anos. 
                    A tragédia do rei Ricardo III trata da permanente disputa do poder a qualquer preço e a falta de escrúpulos para a conquista e manutenção dele. Nela, o protagonista é um sujeito manco e corcunda, cuja aparência disforme, segundo o próprio, o impede de usufruir dos prazeres da conquista amorosa, mas não alçar vôos mais altos. No solilóquio inicial ele planeja como chegar ao poder mesmo sendo o sétimo na linha sucessória. Para alcançar seu objetivo, se utiliza de expedientes vis: conspira, manipula, explora, promove alianças por conveniências momentâneas, persegue e condena à morte os opositores. Movido pela sede de poder Ricardo III articula-se nas sombras, ao longo dos atos e cenas, até alcançar o triunfo almejado: o trono inglês. Para se livrar de quaisquer suspeitas de seu envolvimento nas tramas e urdiduras palacianas ele faz uso de subterfúgios conhecidíssimos: esconde-se sob o manto da religiosidade, sobriedade e outros artifícios de valores éticos e morais.
          Assim o escritor inglês nos ensina, entretém e diverte.  Através da arte teatral fornece elementos constitutivos do homem contemporâneo e suas relações. Essas movidas, muitas vezes, por uma ética individual refletida no uso indiscriminado de inúmeras máscaras como no jogo teatral; múltiplos disfarces agindo conforme interesses ou determinadas circunstâncias. Temos, então, o religioso, o ateu, o humilde, o culto, o ignorante, o moralista, o liberal, o caipira, o ético, o ideológico, o pragmático, o solidário, o sensível, “o paz e amor”, etc.
         Shakespeare nos revela, através da presente obra, o diálogo entre a política e a arte e, consegue manter, evidentemente, a atualidade da peça para os nossos dias.  E desta forma, compreendemos que tanto o teatro como a política são espaços nos quais somos levados a participar. Ambos exigem engajamento, envolvimento, unidade entre representantes e representados, cumplicidade entre ator (político) e público (cidadãos), não se admite o desinteresse e a passividade. No palco da política sejamos atores e não espectadores, público da tragédia política.
         


A peça Ricardo III e os elementos políticos (pós) modernos
José Renato Ferraz da Silveira

A peça Ricardo III, escrita entre 1592 e 1593, por William Shakespeare trata de uma rica, intricada e complexa rede de temas pertinentes à Teoria política: intrigas; conspirações; comportamentos políticos; conflitos de poder; diálogos embebidos de retórica, persuasão e convencimento político; discursos de guerra; coalizões; violência; astúcia; dissimulação; incertezas; a inevitabilidade do Acaso; as qualidades, virtudes (virtú) e os vícios do príncipe; a potência do agir; audácia; a configuração da tragédia política moderna. A peça tem no seu conteúdo dramático as formas nas quais se revelam as práticas coletivas dos meandros do poder e das ações sociais. Um jogo posto em cena a fim de mostrar os jogos da sociedade que a fazem e desfazem.

Ricardo III é uma peça, que faz parte dos Dramas Históricos - ao todo são nove - constituí-se como a tetralogia da Guerra das Duas Rosas, gozando de popularidade pelo seu vigor e temática envolvente. A frase "Meu reino por um cavalo" se popularizou ao redor do mundo. Esta é uma das célebres frases das peças de Shakespeare. E foi proferida por Ricardo III, personagem da peça que leva seu próprio nome.

O dramaturgo inglês acaba por conceber uma visão política ao teatro. Antes dele, a ação dramática tinha como tema central o relacionamento dos homens com o divino (principalmente os gregos) e, num segundo plano, com a sociedade e com o Estado. Ele inverte o tema de secundário para central.

A dimensão trágica da/na política está presente na maioria das peças de Shakespeare, nas quais o bardo, chamado de "Cisne de Avon" por Victor Hugo, expressa as tensões e os paradoxos que atravessam a esfera do poder político; o potencial com que a Política pode contribuir ou impedir a melhoria da condição humana. "O político não desaparece, ele muda de forma; ele não desaparece porque ele é indissociável do trágico sempre presente, em todos os momentos e em todas as sociedades" (Balandier, 1999: 148).

A essência da tragédia na política está na tensão entre suficiência e insuficiência para permitir um futuro esperançoso. A fonte principal da tragédia shakespeariana foi precisamente à ênfase na queda de homens famosos. Uma das novidades da nova perspectiva de compreensão da política é, portanto, o reconhecimento da permanência do conflito. Não se trata mais de sonhar com sociedades estáticas nas quais se realizaria de uma vez por todas o ideal de estabilidade ao se alcançar à realização do bem comum. O que está se configurando na modernidade é um novo conceito de ordem, não mais uma ordem estática estabelecida a partir de hierarquia prefixada, mas a ordem mundana das relações sociais, ordem construída pelo homem. Mais ainda, essa ordem racional deve ser projeto do Estado.

Caracterizar, portanto, a política moderna é entendê-la como jogo de forças opostas resultantes dos inconciliáveis desejos humanos. A política, como atividade tipicamente humana, é marcada a partir da modernidade, tanto nas peças de Shakespeare, como nos escritos de Maquiavel, como a inevitabilidade do conflito. Tal "choque de interesses" é inerente ao jogo político e evidencia o caráter trágico ao revelar as contradições e os paradoxos deste.

A política, em Shakespeare, nos mostra as (des) ordenadas crises (ciclos de poder - alternância de enfraquecimento e fortalecimento da autoridade) em que o grupo de indivíduos se depara e a busca de soluções por parte destes homens que atuam no círculo (reino) da política.

Shakespeare amplia e realiza uma leitura de política se remontando a um período específico, ao criar artisticamente (peças teatrais), num contexto histórico marcado por profundas mudanças, em que o novo ainda não havia surgido e o velho ainda não havia morrido, nesse sentido, num processo de instauração da modernidade.

Ricardo III é uma peça carregada de signos, significados, valores pertencentes ao Renascimento, período histórico que rompe com o mundo medieval - sociedade agrária, estamental, teocrática e fundiária - mas que contém em seus desdobramentos, elementos políticos fundamentais (como os citados no princípio deste artigo e em negrito) e ainda mais, tão contemporâneos, a ponto de termos (possíveis) parâmetros de análise para entender os impasses e as rupturas do pensamento político atual. Apesar das ambigüidades e incertezas (a auto-eternizante incerteza) da vida pós-moderna, Shakespeare produziu uma peça histórica renascentista, mas que segundo Ben Jonson pertence a todas as épocas, representando de modo peculiar o imanente significado real da política.


segunda-feira, 17 de março de 2014

Pirâmide da existência

Vivemos, amamos, trabalhamos. Porquê? Goethe diria: "No desejo de erguer tão alto quanto possível nos ares a pirâmide da minha existência, cuja base me foi dada completamente construída". Imagine se todos pensassem em construir a vida como uma obra prima? Muitas vezes, nunca traçamos um plano. Fazemos projetos a curto prazo: escrever tal livro, ensinar em tal universidade, pesquisar sobre um determinado tema, viajar e conhecer novos lugares. Muitas vezes, o acaso toma a dianteira. O reino do imponderável enterra nossos sonhos ou nos fornece gratas e maravilhosas surpresas. Acontecimentos imprevistos tem sido uma tônica de minha existência. E hoje percebi que a Deusa Fortuna tem sido muito generosa nas dádivas que sempre me presentou. Receio que agora na idade madura, ela me abandone como adverte sabiamente o filósofo florentino Nicolau Maquiavel. Mas já defini uma estratégia bastante eficaz para que os meus projetos de vida permaneçam erguendo a minha pirâmide mesmo que de modo imperfeito, arestas um pouco torcidas, degraus desiguais: "escolho bem um ponto de aplicação do meu esforço e serei constante, ardente e penetrante". E nisso, a deusa Fortuna cederá aos meus desígnios e caprichos.
Escrever: feitiçaria evocatória 

Escrever é uma vocação imperiosa e nem todo mundo tem vocação. Li, certa vez, que o grande escritor francês Victor Hugo queria ser Chateaubriand ou nada. Um escritor nato escreve porque tem alguma coisa para dizer e só pode dizê-lo escrevendo. 
Creio que a vontade, o sentimento, a alegria ou a tristeza faz a brancura da página desaparecer. Escrever apesar dos fracassos e das críticas hostis é algo que me atrai. Na realidade, ainda carrego a ilusão e o sentimento de libertação e de trunfo, por uma frase perfeita, caracterizar um objeto, um sentimento, narrar com brilhantismo os feitos heroicos de personagens históricos.
Escrever é uma religião. Une as pessoas de uma maneira que não pode ser alcançada por outros meios. Escrever exige cuidados e trabalhos incríveis. Quantos arrependimentos! Quantas correções em espiral que mutilam o texto na versão inicial.
Mas é um verdadeiro êxtase em que, numa noite, escrevemos trinta, vinte, dez páginas. Esse momento de criação feliz é cheio de esperança. Sonhamos com um texto bem acabado, bem apresentado, profundo e vibrante. Como diz Baudelaire, “manejar sabiamente uma linguagem é praticar uma espécie de feitiçaria evocatória”.
Por fim, suponho que escrever exige estilo. O estilo é a mão do temperamento sobre a natureza das coisas e dos homens. Sem temperamento, não há estilo. Sem paixão, não há estilo. Sem inspiração, não há estilo.

Tenha fé

Tenha fé 

Há momentos na vida, em que nos sentimos aflitos, a sensação de nó na garganta e caímos no mais profundo desânimo. Parece que as forças se esgotam e não há meios de confrontar com a realidade posta.
Relembro, então, das belas estórias advindas da tradição oriental, em especial, a japonesa, que alude a flor de ameixeira que surge, perfumada, rompendo a neve no rigor do inverno. Até as sementes de trigo que não perdem a capacidade de se reproduzir, por mais que sejam pisoteadas.
Mas como manter um espírito de paz se o coração agitado ou irado sufoca a centelha da persistência e da fé? A fé, sem dúvida, acresce uma dimensão significativa à vida moral da humanidade. Como cristão apostólico romano, eu percebo a fé como uma força poderosa na experiência humana. Principalmente, as orações que nos iluminam e nos fazem entrar em contato com o Desconhecido.
Muitas vezes, quando estou deitado e absorto pela tristeza, as orações servem como estímulo para mim na busca do amor, da alegria, da paz interior, da paciência, da bondade, da generosidade, da confiança, da gentileza e principalmente do autocontrole.
E quando identifico a razão do meu desespero, sinto que é assim que são as coisas com os trabalhos divinos. Nós mortais “enxergamos” apenas o início ou nem isso do plano de Deus. Não somos capazes de compreender todo o propósito e objetivo final de sua Criação. Precisamos ter fé em sua Sabedoria.

sábado, 15 de março de 2014


Meu top ten dos clássicos do pensamento político

Os clássicos do pensamento político, que são de leitura extraordinariamente agradável constituem uma linguagem referencial. Os livros aqui listados estão disponíveis em uma variedade de edições:

1) Platão. República
2) Aristóteles. Política
3) Maquiavel. O príncipe
4) Hobbes. Leviatã
5) Locke. Segundo Tratado de Governo
6) Rousseau. O contrato social
7) Burke. Reflexões sobre a revolução em França
8) Stuart Mill. Da liberdade
9) Marx e Engels. Manifesto do Partido Comunista
10) Tocqueville. Da democracia na América
O grupo de estudos Reflexões do Brasil que já completou quatro anos de existência tem como meta nesse ano de 2014, ler, pelo menos, 4 obras. 

1 Fernando Henrique Cardoso - Os pensadores que inventaram o Brasil (lido) 
2 Paulo Prado Retratos do Brasil (próxima leitura)
3 Sérgio Buarque de Holanda - Raízes do Brasil (lido)
4 Gilberto Freyre - Casa grande e senzala (lido)
5 Darcy Ribeiro - Povo brasileiro (lido)
6 Raymundo Faoro - Os donos do poder (lido)
7 Caio Prado Júnior - Formação do Brasil Contemporâneo (lido)
8 Gilberto Freyre - Ordem e Progresso
9 Caio Prado Júnior -História Econômica do Brasil (próxima leitura)
10 Luiz Bresser Pereira - Desenolvimento e crise no Brasil
11 Luiz Bresser Pereira - Economia brasileira - Uma introdução crítica
12 Caio Prado Júnior - História e Desenvolvimento
13 Gilberto Freyre - Sobrados e Mucambos
14 Florestan Fernandes - A integração do negro à sociedade de massas
15 Sérgio Buarque de Holanda - Visão do paraíso
16 Jacob Gorender - O escravismo colonial
17 Celso Furtado - Formação Econômica do Brasil
18 Capistrano de Abreu - O descobrimento do Brasil
19 Nelson Werneck Sodré - Introdução à revolução brasileira
20 Robert Simonsen - História Econômica do Brasil
21 Nelson Werneck Sodré - Introdução à revolução brasileira
22 Fernando Henrique Cardoso - Capitalismo e escravidão no Brasil meridional - o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul
23 Manuel Bonfim - O Brasil Nação
24 Manuel Bonfim - O Brasil na América
25 Joaquim Nabuco - Minha formação (lido)
26 Joaquim Nabuco - O abolicionismo (lido)
Prefácio de minha obra que será lançada - se tudo der certo em abril - 

Prefácio –Tese de Doutorado – José Renato Ferraz da Silveira – PUC/SP


William Shakespeare e a teoria dos dois corpos do rei: a tragédia de Ricardo II

Entre os séculos XIV e XVII a Inglaterra imaginou e/ou experimentou instituições sociopolíticas que seriam decisivas em diversos quadrantes geográficos em períodos ulteriores, inclusive o contemporâneo. Os tempos ali sentidos, tanto no que concerne à Idade Média quanto à Moderna, nas suas conexões histórico-simbólicas, auxiliaram na definição – talvez como em nenhum outro lugar – dos traços predominantes do Ocidente liberal, e que viria também a se tornar democrático posteriormente. Nunca é demais, portanto, quando para lá retornamos e buscamos conhecer mais e melhor o seu caráter.
O professor José Renato Ferraz da Silveira, do Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), dando sequência a uma pesquisa que já rendeu bons frutos quando da publicação de sua dissertação de mestrado na forma de livro[1], dá a conhecer, agora, a sua tese doutoral, defendida junto à PUC/SP, também na forma de livro: William Shakespeare e a teoria dos dois corpos do rei: a tragédia de Ricardo II. Sim, os termos sugerem proximidade temática, mas a complexidade que cada empreendimento oferece é ímpar. Veja-se a passagem a seguir, na qual o prefaciador daquele livro e orientador acadêmico de Silveira, professor Miguel Chaia (p. 13), discorre sobre o autor e sua obra:

Este livro [A Tragédia da Política em Ricardo III] é uma ousadia intelectual e um instigante produto acadêmico. José Renato faz parte de um grupo de intelectuais que percebeu na contemporaneidade a complexa relação entre as áreas de saber e busca borrar as fronteiras que compartimentam a inteligibilidade do mundo. Nesse sentido, o autor supõe que também a arte – como a filosofia e a ciência – é um exercício de pensamento e criação capaz de gerar diferentes formas de conhecimento. Especialmente, no caso deste livro, o autor seleciona peças de William Shakespeare para realizar uma investigação das relações de poder, problematizando questões clássicas que envolvem a sociabilidade humana.

Exatamente o mesmo pode ser consignado em relação ao documento que ora vem a público. No entanto as diferenças (entre as obras) não se limitam ao rei estudado: em Ricardo II (1367-1400), cujo reinado compreende o intervalo temporal de 1377 a 1400, explora-se a teoria dos dois corpos do rei (The King’s Two Bodies), formulada pelo historiador medieval alemão Ernst Hartwig Kantorowicz[2] (1895-1963). Uma abreviadíssima síntese de sua erudita pesquisa: postula este autor que, entre as teorias que conferiam sustentação legal e divina aos poderes reais no medievo, aquela que identificava uma dupla dimensão no corpo real merece ser sobrelevada. Em específico: o rei não teria apenas “um corpo”, mas sim dois; um natural, à semelhança de qualquer ser humano; e outro místico, dotado, por conseguinte, de características especiais. O primeiro estaria sujeito à morte; o segundo jamais morreria. Neste caso, a majestade da excelsa posição seria transferida para outro corpo, remanescendo a simbologia. Observe-se, ademais, que essa teoria conhecerá especial aceitação na Inglaterra absolutista do século XVI, a do chamado “período elisabetano”.
Não parece ser sem sentido a opção de Silveira em inaugurar o seu trabalho com um capítulo esclarecedor sobre o reinado de Elisabeth (1558-1603). Veja-se que é no final do governo da “rainha virgem” que Shakespeare produzirá o seu Ricardo II (1595-1596). O tempo, aqui, demonstra-se elástico: ao narrar (e criticar) a conduta de um rei apeado do poder, o bardo parece manifestar preocupações políticas contemporâneas a si. A propósito, no segundo capítulo Silveira volta a examinar o contexto histórico em que Shakespeare produz. O longuíssimo período de poder daquela que foi considerada a fundadora do moderno império inglês foi prenhe de tensões (e de conspirações). Ao auscultar historicamente um período anterior, Shakespeare ilumina o seu – sem prejuízo às luzes lançadas sobre os tempos vindouros.
A Inglaterra – ou melhor, o que viria a ser a Inglaterra – no último quartel do século XIV denotava salientes evidências medievais. Dois grupos sociais eram francamente majoritários em uma formação societária marcadamente rural: proprietários de terras e camponeses. A Casa Real, desfrutante de todo o arcabouço simbólico creditado às elites nobiliárquicas, já respondia a pressões advindas de um Parlamento iniciado nas reivindicações por poder – lembrem-se as diferenças entre o rei João Sem-Terra, os barões e o Papa, em 1215, quando da escritura da Magna Charta Libertatum. Este é o ponto: Ricardo II torna-se rei legitimamente (era herdeiro do trono), mas, no decorrer de sua governança, em face de erros políticos continuados, é subtraído de sua condição real. A deposição de Ricardo II, bem como todo o quadro de crises que caracterizaram o seu reinado, constituem o mote para que Shakespeare reflita sobre a política, a condição humana do político e o poder – em uma perspectiva trágica, bem compreendido – de modo potencialmente universal.
Shakespeare prescreve a ordem porque diagnostica a desordem. Uma vez mais, Silveira desfila acuro analítico ao posicionar o artista britânico em um espaço de confluências entre “clássicos”, como Platão e Aristóteles, e “modernos”, tais como, Maquiavel, Hobbes, Locke e Weber. Todos eles, cada um a seu modo – e sem o descuro da inflexão teórica promovida pelo “gênio florentino”, cujo edifício erigido com O Príncipe permitiu a autonomia da política –, ao homenagearem o realismo (em seus diversos matizes), contribuíram à compreensão da política e da miséria humana que lhe é ínsita. Desdobramento lógico: a ordem social traveste-se em uma quimera – e o exercício da política um exasperante movimento que ousa conciliar arte e técnica. O poder não somente se alimenta da alma dos que o controlam; ele requer habilidades humanas que são, certamente, encontráveis em poucos – e que estão dispostos a fazer o que é preciso fazer.
Com o subsídio teórico de Max Weber, Silveira mobiliza uma díade conceitual estruturante na política: o princípio da legalidade e a lógica da legitimidade. O primeiro é condição necessária (e adequada), mas não suficiente à unção no (e mantença do) poder; a severa atenção à segunda mitiga o dilema da instabilidade da anuência, caracterizadora de qualquer relação entre governante e governados. Ricardo II, com a sua contumaz inabilidade na condução dos negócios do Estado, maculou a aura circundante aos reis. E, com isso, o último dos Plantagenetas, antes de ser destituído do trono por seu primo, Henrique Bolingbroke, bem como pela parte da nobreza que a este apoiava, deslegitimou-se à condição real. Assiste-se, dessa forma, não somente à deposição de um rei, mas desconstituem-se os fundamentos de uma das teorias que suportaram a institucionalidade europeia no medievo: a teoria dos dois corpos do rei começava a ruir; os valores modernos iniciavam a corroer os seus equivalentes medievais.
Vislumbram-se, assim, os planos que interagem na obra de Silveira: um autor contemporâneo (século XXI) se debruça sobre uma peça shakespeariana (final do século XVI), que, de sua parte, com o possível intento de metaforizar o reinado de Elisabeth, retrata um drama histórico-político da segunda metade do século XIV. Não é necessário recorrermos às exigências vergastadas por Quentin Skinner[3] a uma boa recuperação de um tempo pretérito – a saber, erudição à farta na apreensão dos significados dos termos dos debatedores daquele contexto – para reconhecermos a coragem incomum do professor José Renato no tratamento dado aos seus temas estudados. O que se depreende de sua obra (em tempo: de agradabilíssima leitura) – e que certamente o aproxima de perspectivas shakespearianas – é uma possibilidade que a todos fascina: os indivíduos teimam em não ser escravos de seu contexto de formação, ceteris paribus, parece ser necessário reconhecermos componentes constantes nas nossas condutas. O exame da política – assim como o de seu sujeito, o político –, em sua dimensão agônica e universal, apresenta-se como um bom caminho.


Reginaldo Teixeira Perez
Santa Maria/RS, outubro de 2013.



[1] SILVEIRA, José Renato Ferraz da. A Tragédia da Política em Ricardo III. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2012.
[2] KANTOROWICZ, Ernest H. Os Dois Corpos do Rei: um estudo sobre teologia política medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
[3] SKINNER, Quentin. Meaning and Understanding in the History of Ideas. In: James Tully (Ed.). Meaning and Context: Quentin Skinner and his Critics. Cambridge: Polity Press, 1988. p. 29-67.
Eis um material produzido pelo Núcleo Prisma que me orgulho pela qualidade e rapidez no empreendimento: 

APRESENTAÇÃO

                O Núcleo PRISMA (Pesquisas em Relações Internacionais de Santa Maria), através do Grupo de estudos “Reflexões do Brasil”, promove o presente material didático em caráter ensaístico acerca do Brasil da década de 20. Com o propósito de “revelar” o Brasil sob o ponto de vista rigorosamente atual na escultura, arquitetura, música e literatura, percebemos, nesse período histórico, a efervescência dos movimentos sócio-políticos que se descortinam na revolução de 30, inaugurando um novo Brasil.
                A Semana de Arte Moderna, realizada entre 11 e 18 de fevereiro, contou com a participação de escritores, músicos, artistas, arquitetos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Do comitê patrocinador, tendo à frente Graça Aranha, faziam parte, entre outros, Paulo Prado, Alfredo Pujol, Renné Thiollier e José Carlos Macedo Soares. Entre os participantes, cuja presença se anunciava, figuravam músicos como Villa Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana; escritores como Mário de Andrade, Ronald de Carvalho, Álvaro Moreira, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Renato de Almeida e Plínio Salgado; artistas plásticos como Vítor Brecheret, Haarberg, Anita Malfatti, Di Cavalcanti. O evento teve desde o início grande divulgação. Embora não faltasse quem se opusesse a sua concretização.
                O certo é que a Semana tinha o objetivo de renovar o ambiente artístico e cultural de São Paulo e do país, tentando libertar a arte brasileira das amarras que ainda vinculavam à Europa. Esse acontecimento cultural da maior significação ultrapassou o campo artístico e repercutiu inclusive na área política.
                Conforme Chaia (2007, p. 7), “arte e política: trata-se de um paradoxal encontro, no qual as partes envolvidas estabelecem instáveis equilíbrios, porém, sempre de fortes intensidades”.
                A incômoda reunião e a surpreendente união entre arte e política reiterada por Chaia permeia o sentimento de insatisfação e inconformismo – e a busca de uma nova linguagem dos artistas e intelectuais da Semana de Arte Moderna de 22 – que representam um desejo de renovação do Brasil. Temas como o índio, a valorização da tradição nacional ou a procura do espírito do povo, são consequências desse sentimento de perturbação.
                Perturbar e instigar a reflexão do leitor em torno do que representa a década de 20 para o pensamento brasileiro, sob diversos aspectos – econômico, sociológico, político, artístico - é o propósito desse breve ensaio.

Os autores




Se a função do diplomata é representar o país perante Estados estrangeiros e foros internacionais, o oficial de chancelaria presta apoio técnico às tarefas diplomáticas e consulares. Entre suas atribuições estão incluídos planejamento, supervisão, orientação, controle e execução de serviços técnicos relacionados ao cerimonial, práticas consulares, acordos e atos internacionais, cooperação cultural, cooperação técnica, científica, tecnológica e comercial.
O assistente de chancelaria, por sua vez, presta apoio administrativo aos servidores da carreira diplomática, ao Itamaraty e à Secretaria de Estado das Relações Exteriores, às missões diplomáticas e às repartições consulares. As atividades da função abrangem tarefas de secretariado, taquigrafia e processamento de dados, cerimonial, cooperação cultural e cooperação técnica.

postagem de 2012

Leonardo Augusto Peres

A eterna primavera brasileira

A política externa brasileira tem um histórico de resolução pacífica de conflitos. Com exceção da Guerra da Tríplice Aliança (ou Guerra do Paraguai) e de uma participação, apesar de importante, diminuta na Segunda Guerra Mundial, durante a qual o país tomou vitoriosamente o Monte Castelo, não se tem, em geral, memórias do Brasil em frentes de batalha. Modernamente, o país é líder de uma missão no Haiti, mas essa é, justamente, uma missão de paz sob o mandato das Nações Unidas. Assim, a história brasileira mais lembrada não é bélica, mas sim diplomática, como, por exemplo, a atuação do Barão de Rio Branco.
Esse clima de paz é o contrário do que se observa, presentemente, internamente nos países árabes que passam pela chamada “Primavera Árabe”. Nesses países, a população civil viu-se em precárias situações econômico – devido, em parte, à crise mundial e geral do capitalismo, e em parte à elevação dos preços dos alimentos –; políticas – tendo em vista que esses países são monarquias ou ditaduras, e não democracias –; e sociais – levando em consideração a repressão sofrida pelas pessoas. Era a situação na Líbia, onde a população revoltou-se, mas a reação violenta do governo ditatorial de Kadafi gerou uma verdadeira guerra civil.
Em vista dessa situação, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, único órgão internacional com competência para tal, autorizou o uso da força contra o governo da Líbia para que este deixasse de massacrar a população civil (os rebeldes). O fato de que o bombardeio sobre cidades líbias levou, ao fim e ao cabo, à troca de regime de governo no país, é passível de uma análise própria. No que tange a posição brasileira, atual membro rotativo do Conselho de Segurança, o que passou foi que nosso país condenou a postura do governo Kadafi, porém se absteve de votar o uso de força contra seu governo.
A Síria foi outro país que testemunhou a Primavera Árabe, com características semelhantes à situação da Líbia. A presença de uma ditadura, a ausência de uma constituição efetiva, o desemprego e a corrupção no governo levaram a população civil a realizar uma série de protestos, que consistiram desde a autoimolação e guerras de fome até enormes manifestações. O objetivo era derrubar o ditador Bashar al-Assad, implementando uma troca de regime e reformas democráticas, além de obter mais direitos civis, reconhecendo as minorias e levantando o estado de sítio sírio. O governo da Síria reagiu expulsando a população da rua com tanques e franco-atiradores, confiscando alimentos e cortando o acesso do povo à água e à energia.
A reação brasileira ao caso sírio foi diferente daquela seguida quanto à Líbia, apesar da situação ser tão semelhante e parte de uma mesma conjuntura ampla, a Primavera Árabe. O Brasil não repreendeu Bashar al-Assad. Apenas deu suporte a uma declaração da Organização das Nações Unidas criticando o ditador, porém somente com certa demora, após o massacre da população ficar evidente. Ademais, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil fez parte de uma missão, juntamente com Índia e África do Sul, que foi dialogar com al-Assad, enquanto as tropas do ditador assassinavam civis. Após esse diálogo, o Brasil assinou uma declaração pedindo o fim da violência por parte de todos os envolvidos no conflito sírio, de ambos os lados, conforme relata a Folha de São Paulo.
O editorial desse mesmo jornal busca classificar essas diferentes respostas da política externa brasileira como certa, no caso da Líbia, e errada, no caso da Síria. Porém, desde Maquiavel tem-se claro que não há uma moralidade específica do ato político. Assim, a única classificação que se pode fazer dessas ações brasileiras é se elas são ou não condizentes com a política externa do país, historicamente. Relembrando o que foi exposto no primeiro parágrafo, de que essa política externa tem tendência pacífica, afirma-se que ambas as ações são coerentes. No caso da Líbia, o Brasil absteve-se de apoiar uma resolução que se utilizaria da força para tentar sanar o problema daquele país. No caso da Síria, a chancelaria brasileira optou por ouvir o lado acusado do conflito, prover uma oportunidade de defesa, em especial sendo al-Assad, pelo menos juridicamente, ainda autoridade naquele país. Nos dois casos, portanto, o Brasil seguiu sua política externa diplomática e pacífica.
Tendo em vista essa vocação pacifista e democrática da política externa brasileira, não surpreende a importância que é dada aos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil. Isto está posto, inclusive, no artigo 4° da Constituição Federal, que lista a “prevalência dos direitos humanos” como um dos eixos norteadores das relações exteriores de nosso país. Roberto Abdenur diferencia esse princípio dos outros listados no mesmo artigo da Carta Constitucional, como o da “autodeterminação dos povos” ou o da “não intervenção”, como sendo um “imperativo de ordem moral” contra as “normas de comportamento” que ele considera serem estes outros princípios. Porém, como já se disse, não há moralidade na política, conforme apontou Maquiavel. Desta maneira, a importância dada aos direitos humanos não ocorreria por serem considerados imperativos morais, mas sim por serem uma série de princípios imprescindíveis à convivência pacífica entre as nações – e dentro delas, como a Primavera Árabe prova.
Mantendo essa postura pacifista – mas também cada vez mais participando de ações militares como a que lidera no Haiti – o Brasil busca um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU assim que a organização for reformada. Desta forma, assim como é dito que o Brasil é eternamente o país do futuro, eternamente também vive sua própria primavera, despertando para os diferentes assuntos internacionais sempre que estes tomam importância no contexto mundial, sempre prometendo ser uma nova potência no cenário global. A ONU, porém, não dá pistas de que tão cedo irá ser reformada, e o sonho de um assento permanente também se torna eternamente utópico. Com organizações tais como a OMC, o Banco Mundial e as regionais, como a OEA, o MERCOSUL ou a UNASUL possuindo cada vez mais importância relativa comparativamente à ONU, pode-se questionar, pois, se estratégias alternativas de inserção internacional do Brasil não seriam mais proveitosas do que esperar esse tão sonhado assento permanente.

Postagem de 2011

As mulheres representam menos de 10% dos líderes mundiais. Em nível global, menos de um em cada cinco parlamentares é mulher. O percentual crítico de 30% de representação feminina nos parlamentos foi atingido por apenas 28 países.
Em evento de alto nível, hoje (19/9), durante a 66ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, mulheres líderes políticas fazem uma chamada forte para o aumento da participação política e tomada de decisão em todo o mundo. Destacando que a participação das mulheres é fundamental para a democracia e essencial para o alcance do desenvolvimento sustentável e paz em todos os contextos – durante a paz, nos períodos de conflito e pós-conflito e durante as transições políticas, as líderes vão assinar uma declaração conjunta com recomendações concretas sobre as maneiras de promover e avançar a participação políticas das mulheres.
São signatárias: Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff; Kamla Persad-Bissessar, primeira-ministra da República de Trinidad e Tobago; Hillary Rodham Clinton, Secretária de Estado dos Estados Unidos da América; Baronesa Catherine Ashton, Alta Representante da União Europeia para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança e Vice-Presidente da Comissão Europeia; Roza Otunbayeva, Presidenta da República do Quirguizistão; Lilia Labidi, Ministra de Assuntos das Mulheres da República da Tunísia; Helen Clark, Sub-Secretário-Geral e Administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; e Michelle Bachelet, Sub-Secretária-Geral e Diretora Executiva, da ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres.
Guilherme da Cruz Backes

UMA BREVE REFLEXÃO ACERCA DA POLÍTICA ECONÔMICA DO COMEÇO DO SÉCULO XXI

Com a eclosão de inúmeros protestos em países europeus como Espanha, Grécia e Reino Unido, alguns questionamentos devem ser mencionados. Países que outrora contavam com economias desenvolvidas e mais bem preparadas para crises como à que estamos assistindo atualmente vem sendo palco de inúmeras reações – muitas delas, violentas – por parte de suas próprias populações.
Entrementes, o que pode ser concatenado e inferido dessa onda de insatisfação popular que arrasa o Velho Continente? Keynes, ainda na década de 1930, já discorria sobre a importância de métodos anticíclicos perpetrados pelo Estado para que as economias domésticas pudessem sair de períodos de recessão ou de depressão. O que mais surpreende, no entanto, é a utilização de formas anacrônicas por parte de certos governos para que suas respectivas economias voltem a patamares razoáveis de estabilização e de segurança.
Com o estímulo e o apoio de organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), testemunhamos cortes de gastos públicos, deterioração de serviços básicos e privatização de antigas estatais em grande parte da Europa. Tudo isso em nome da famigerada responsabilidade fiscal. Ora, se o estímulo a novos investimentos for neutralizado por tais medidas austeras, obviamente a economia desses países não voltará ao seu dinamismo anterior à crise, não contribuirá para o crescimento do comércio internacional e tampouco terá condições de honrar os empréstimos concedidos pelo Banco Central Europeu e pelas demais instituições financeiras.
Por outro lado, isso não quer dizer que o liberalismo deva ser atacado de antemão, conforme o fazem alguns diletantes da heterodoxia marxista. O fato é que para salvar o próprio sistema capitalista, muitas vezes a presença do Estado se faz necessária, diante de especulações financeiras, de pânico nas Bolsas de Valores e de demais comportamentos desencadeados por crises econômicas. Isso quer dizer, portanto, que nem sempre a ortodoxia do laissez-faire tem a capacidade necessária para estabilizar um período de turbulência, tal como o que presenciamos agora.
Por fim, o mais inusitado de tudo isso é o fato de as economias emergentes estarem mais bem preparadas para as atuais contingências econômicas do que as grandes potências do Norte. Com incentivos fiscais e investimento em setores estratégicos, o governo brasileiro, por exemplo, vem adotando uma alternativa completamente diferente do que se vê na Europa. Evidentemente, o governo brasileiro deve permanecer atento ao que acontece fora da América do Sul. Entrementes, se Keynes ou o Consenso de Washington é que estava certo, somente o tempo irá confirmar.

LANÇAMENTO DA SEGUNDA EDIÇÃO DO LIVRO “A TRAGÉDIA DA POLÍTICA EM RICARDO III”

pUBLICAÇÃO DO SITE DO NÚCLEO PRISMA


O Prof. Dr. José Renato Ferraz da Silveira, Coordenador do curso de Relações Internacionais da UFSM e do Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais de Santa Maria (PRISMA), terá a segunda edição de sua obra “A tragédia da política em Ricardo III” lançada pela Azougue Editorial, em parceria com a Livraria Nobel de Santa Maria. O lançamento será realizado no dia 22 de março de 2014, a partir das 17 horas, na Livraria Nobel (2º piso do Royal Plaza Shopping).
O Núcleo PRISMA estende o convite da Azougue Editorial e da Livraria Nobel para prestigiarem o lançamento da segunda edição da obra, “uma ousadia intelectual e um instigante produto acadêmico”.

Mercado de trabalho nas RI

MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS 

- governo, ou setor público de modo geral, no qual se destaca em primeiro lugar a Diplomacia, mas também todos os demais ministérios e agências públicas, bem como os governos estaduais e municipais através de “assessorias internacionais”;
- academia, através da docência e/ou atividades de pesquisa na área de relações internacionais;
- setor privado, como profissionais de carreira ou consultores tratando de questões que envolvem o cenário internacional;
- setores da sociedade civil, com destaque para as ONGs voltadas para os chamados novos temas em relações internacionais, tais como meio ambiente e direitos humanos.

Características do profissional de excelência em RI

O profissional de excelência em Relações Internacionais deve possuir as seguintes características:

- habilidade em negociações
- espírito empreendedor 
- comunicação efetiva
- capacidade de persuasão
- capacidade organizacional
- habilidade em tomar decisões 
- habilidade em mediar situações de conflito
- busca constante por aperfeiçoamento e atualização
- conhecimento de idiomas
- cultura enciclopédica