terça-feira, 27 de março de 2012

A Hora do Amor
Pablo Neruda

Completamente bêbado de amor estou agora
Levantaram-se em minha alma as doçuras perdidas,
As trêmulas campanas de uma vida sonora
Carregam os celestes cansaços desta vida.

Vem crepúsculo morno, vem aurora rosada,
Vem fragrância de beijos, vem calor de mulher.
Tanto tempo já faz que não espero a amada,
Que me mordem os cães do desejo e da sede.

Mas se bêbado vou de amor já não me importa,
A esperança longínqua que não pode volver,
As minhas rosas levo se a vida me for curta,
É claro!, os meu rosais seu que vão florescer.

Se porém levo todos os meus rosais fechados,
Dá-me fraterna mão, dá-me um fruto, Senhor,
Dá-me dois seios mornos e dois olhos amados,
Porque sem eles, Ai, que me vai ser do amor?

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