terça-feira, 12 de abril de 2011

O Livro das Cortesãs, de Susan Griffin


“Não te deixes ir atrás dos artifícios da mulher,
porque os lábios da prostituta são como o favo que destila o mel,
e suas palavras são mais suaves que o azeite;
mas seu fim é amargo como absinto,
e cortante como uma espada bigume.”
(Provérbios, 5,2-4)

O melhor esclarecimento sobre a origem do termo “corte” encontrei no vetusto Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de Antenor Nascentes: “Corte – 1 – (sede de governo): Do lat. Cohorte, chorte, capoeira, depois quinta em Paládio, fazenda em Varrão, que diz: ‘cortes quidem audimos vulgo sed barbare dici’. A corte sucede ‘curte’, residência rural de um fidalgo franco e também sua casa (seus oficiais, seus familiares) e o tribunal de justiça que sentenciava em nome dele (...) Diz Ribeiro de Vasconcelos, Gram. Hist. Port. 89: ‘Cohortem’ significava a capoeira, o curral, o aprisco onde se juntam e dormem os animais e, em sentido translato, uma companhia de soldados. A rudeza dos antigos reis bárbaros e da comitiva que os cercava, fez com que tanto esta como o lugar onde residiam os reis se designasse por aquele vocábulo”. A língua portuguesa conserva “coorte” com o significado de “multidão” e “corte” com o sentido aqui exposto. Se o princípio é grosseiro, o tempo apurou o ambiente e transformou-o em local próprio para comportamento refinado. Daí cortês, cortesia, cortesão, cortesã. Pessoas que freqüentavam os governantes deveriam mostrar uma conduta esmerada com detalhes hoje inimagináveis. Para nada ser esquecido, voltam os manuais, d’entre os quais o mais famoso – é óbvio citá-lo – o de Baldassare Castiglioni, O Livro do Cortesão.

A partir do Renascimento fundem-se no termo “cortesã” os conceitos da palaciana e da prostituta. A diferença é meramente econômica: a prostituta vive na rua ou num bordel com muitas outras, recebe vários clientes e é submetida a um cáften; a cortesã está muito bem estabelecida financeiramente, tem um ou poucos clientes, possui morada própria e não se submete a alguém. Ambas compartilham a origem miserável – são poucas as exceções – mas esta foi escolhida pela sorte. A prostituta rica passa a ser denominada “cortesã” por adquirir o comportamento das damas da aristocracia e por fazer-se presente – de forma clandestina ou não – no mesmo círculo. Como não possuía título de fidalguia a distinguí-la, talvez inicialmente fosse apontada, e não sem ironia, como “aquela cortesã”.

O Livro das Cortesãs – Um Catálogo das Suas Virtudes, de Susan Griffin, traz-nos detalhes da vida das várias cortesãs que se tornaram famosas. A escritora fixa as sete “virtudes” que reunidas julga responsáveis pelo sucesso d’estas mulheres: timing, beleza, atrevimento, brilho, alegria, graça e charme. Parece um livro tolo, mas desperta o interesse do leitor página a página e embora eu discorde da autora em algumas premissas e outras tantas conclusões, não deixo de reconhecer n’ele um bom auxiliar para melhor compreensão de certas obras de arte e mentalidades. O livro abrange de forma não linear um período definido entre a Renascença Italiana e o século XX, com passagens pela Antiguidade Clássica. Como a cada qualidade é dedicado um capítulo, Griffin demora-se na demi-mondaine que entende mais significativa para o tema. Discorrendo sobre a graça, estende-se no capítulo abordando aspectos da vida de La Pompadour. O mesmo com Veronica Franco ao abordar o brilho.

O realismo de Griffin é limitado. Prefere deslumbrar-se com as histórias da época e divagações. É ligeira na fase miserável e lenta ao narrar o auge d’estas vidas destinadas ao prazer alheio. O texto é mais descritivo que analítico e sua admiração não é velada. Noto que quanto mais recente o período tratado, menos interessante são as notícias biográficas das cortesãs e até mais difícil classificá-las como tal, a exemplo da actriz norte-americana Marion Davies e da estilista francesa Coco Chanel. Pelos critérios de Griffin, até a argentina Eva Perón poderia ser incluída na lista. Muitas características são comuns: origem modesta ou mesmo miserável, ascensão dependente da beleza e do que de diferente pudesse oferecer aos homens, riqueza, extravagâncias. Várias realizaram matrinónios vantajosos, outras perderam o que conquistaram. Para algumas a roda da Fortuna fez uma volta completa de 360 graus: suportaram a miséria, enriqueceram de modo extraordinário e morreram na penúria. Estas mulheres não criaram nada, mas muitas impulsionaram as modificações do gosto.

Fascínio semelhante ao de Griffin tornou acentuadíssima a presença d’estas mulheres – prostituta ou cortesã – na literatura universal. A Dama das Camélias, de Dumas Filho; Nana, de Émile Zola; O Esplendor e Miséria da Cortesã, de Balzac; Lucíola, de José de Alencar; Pantaleon e As Visitadoras, de Mário Vargas Llosa; Um Amor, de Dino Buzzati. Podemos arrolar algumas aparições secundárias. A prostituta com a qual o personagem de Memórias do Subsolo diverte-se e depois humilha; a simpática Maria Triste d’um conto de João Alphonsus. Suzanne Rouvier d'O Fio da Navalha e a sofrida Lídia de Férias de Natal, ambos de Maugham. Tantos leitores, tantos exemplos a mais.



A admiração pode ultrapassar as Letras e atingir a Música, como é o caso de Marie Duplessis. Sua história pessoal sugeriu a Dumas Filho o enredo d’A Dama das Camélias – uma camélia vermelha para os dias mensais de desconforto, uma branca para os restantes – e posteriormente a Verdi o de La Traviata. Duplessis teve grande fama em vida, recorrendo Verdi e o libretista directamente a sua biografia e apenas buscando subsídios romanescos na obra de Dumas. Não se trata, portanto, de mera transposição do livro para a partitura e para a cena. Basta reparar na diferença de nomes.

A relação entre as cortesãs e a Pintura é tema merecedor d’um volume exclusivo. Não somente foram retratadas como também serviram de modelo para pinturas mitológicas. Griffin combina a ascensão das cortesãs e dos pintores na Renascença, afirmando que a burguesia ascendente teria conferido novo prestígio a ambos. Um comerciante enriquecido precisava decorar as paredes da sua nova villa e não raro sua amante assumia o papel de deusa ou ninfa. Entre as cortesãs retratadas, menciono o adorável A Duquesa de Villars e Sua Irmã No Banho. Gabrielle d’Estrées, amante de Henrique IV da França, aparece no quadro tendo seu mamilo direito seguro pela irmã duquesa, anunciando este gesto a gravidez da favorita. Outros retratos que podem ser indicados são o de Diane de Poitiers, concubina do rei francês Henrique II – obra de François Clouet –; três de Tiziano, Flora, Mulher Durante a Toilette e Violanta; de François Boucher, Mulher Descansando, representando Madame du Barry; Laura, ou Retrato de Mulher Jovem, de Giorgione; Retrato de Uma Cortesã, de Vittore Carpaccio. Mulher Jovem, de Giovani Bellini e Retrato de Jovem Romana, de Sebastiano Del Piombo. Muitos quadros chegaram-nos anónimos e mostra-se necessário observar detalhes para concluir a origem e profissão da modelo. Já as cenas alegóricas exigem um trabalho imenso de decifração. Seria necessário determinar a época exacta em que o quadro foi pintado, quem o encomendou, as prováveis modelos, se outros quadros do mesmo período e do acervo do mesmo mecenas apresentam semelhanças.

Edouard Manet parecia apreciar provocações. No Salão Oficial de 1.863, provocou um grande escândalo nos meios artístico e crítico ao expor Almoço Sobre A Relva, tela inspirada no Almoço Campestre, de Tiziano, mas sem fundo alegórico. As pessoas da cena poderiam ser encontradas na rua ou no restaurante. Não intimidado, tornou ao Salão de 1.865 com Olympia e foi acusado de pintar um cadáver de mulher, com a carne já pútrida. Mais tarde trouxe para a tela a terrível Nana do romance de Zola.

Uma das cortesãs mais interessantes é Jeanne Antoinette de Poisson, a Marquesa de Pompadour. Considerando a biografia escrita por Massimo Grillandi, ela recebeu educação refinada, direccionada desde o berço a ocupar algum papel de destaque, inda que no leito de alguém importante. Louis XV, particularmente, atingiu a idade casadoira no exacto momento de escassez de infantas nas casas reais européias. A única encontrada foi Maria Lecsinska, princesa polonesa sete anos mais velha que o delfim francês. La Pompadour foi mecenas da Pintura, do Teatro, das Letras e da Arquitetura. Sua biblioteca era tipicamente setecentista: vasta e variada. Abrigou pensadores em seus salões, mesmo adeptos da filosofia secular contestadora dos direitos divinos da Coroa.

Esperava-se que um monarca tivesse amantes primeiro por falta de vínculos afectivos nos contractos de casamento e segundo para formar a imagem de virilidade esperada. À virilidade alia-se a força e as características pessoais do governante refletiam-se na imagem do Estado – se Filipe de Orleãns houvesse nascido antes de seu irmão Louis XIV, a revolução francesa antecipar-se-ia em cem anos.

Uma conduta semelhante à de Pompadour pode ser vislumbrada no filme A Amante do Rei – The King’s Lover – com Valéria Golino e Timothy Dalton. Não narra uma história de cortesã e sim uma mulher obrigada a ser amante real, mas é para a atmosfera que chamo a atenção. A princesa de Luynes, por casamento condessa de Verua, era apenas uma figura da corte do rei piemontês Vittorio Amedeo, no começo tão irrelevante quanto as demais e sem inclinação para tornar-se concubina do soberano. Seu atrevimento, uma das virtudes arroladas por Griffin, despertou a atenção e em seguida o amor real, sofrendo pressões diversas até finalmente entregar-se. Quando cedeu, vingou-se do marido pedindo ao rei que o mantivesse entre seus serviçais próximos; vingou-se da família do marido, exigindo a desapropriação de bens e o exílio; vingou-se dos cortesãos subtraindo seus bens e influenciando na demissão de ministros; vingou-se do país ao envolvê-lo n’uma guerra contra a França.

O rei Vittorio no século XVII com a Condessa Verua e o Duque de Wellington no início do século XIX com Harriet Wilson – aqui adiciono um exemplo meu a outro do livro comentado – vivem relações semelhantes. Ambos encontraram mulheres que se não pejavam de franqueza e sinceridade perante homens acostumados à frivolidade e à bajulação e que até preferiam a falta de cerimônia oferecida na alcova. Sem abandonar o século XIX, dois filmes mais podem ser citados por ilustrarem muito bem o universo d’estas mulheres. Na adaptação do romance Prima Bette, de Balzac, a cortesã é personagem secundária. “Bette” é empregado como nome próprio, mas em francês tem o significado de “besta”, “fera”, perfeito para a prima vingativa. O outro é Moulin Rouge – O Amor em Vermelho, com a cortesã em primeiro plano.
China, de solução a problema

Clóvis Rossi

Há razoável consenso entre analistas e funcionários do governo de que a China foi importante para a decolagem da economia brasileira no período Lula.
Juntaram-se o pantagruélico apetite chinês por matérias-primas e a excelência brasileira em aéreas como minério de ferro e agricultura para gerar um fluxo comercial que deu dinamismo à economia.
Saltar dos US$ 2 bilhões que era a corrente de comércio (importações e exportações) no ano 2000 para os US$ 56 bilhões de 2010 é todo um acontecimento.
Agora, no entanto, o que era solução começa a virar também um problema. Não que os chineses vão parar de importar. “Não é provável que o relacionamento comercial mude no curto prazo, devido a insaciável demanda chinesa, à construção de obras de infra estrutura no Brasil e na América do Sul voltadas para a Ásia e ao lento ritmo de recuperação da economia nos EUA e na Europa”, escreve, por exemplo, Sean Goforth, professor de economia internacional e blogueiro de América Latina para a Associação de Política Externa.
O problema está dado não pela quantidade do comércio, mas pela sua qualidade. Ou, mais precisamente, pelo fato de que o Brasil é um exportador de matérias primas e importador de bens manufaturados – uma situação que chegou a ser qualificada de “colonial”, em seminário promovido pelo Woodrow Wilson Center exatamente para discutir a relação China/América Latina.
Os números são eloqüentes: dados da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) mostram que 97,5% das importações brasileiras da China em 2010 foram de bens manufaturados, ao passo que só 5% das exportações brasileiras cabem nessa rubrica.
É natural, portanto, que a presidente Dilma Rousseff, na visita que inicia segunda feira, à China, “queira enfatizar muito a questão da reciprocidade”, como antecipa seu assessor Marco Aurélio Garcia.
Ou seja, o Brasil quer exportar bens de mais alto valor agregado. E quer também que os investimentos chineses agreguem valor no Brasil. “Não nos interessam investimentos de caráter predatório”, diz Marco Aurélio. Ou, para simplificar, o Brasil quer que os chineses construam uma siderúrgica em vez de apenas comprar minério de ferro.
É natural, na medida em que a agressividade chinesa, tanto no mercado interno brasileiro como em mercados em que o Brasil compete com a China, agravou muito a situação dos produtores nacionais nos dois últimos anos.
Um estudo da FIESP constatou que, em uma década (até 2009), o Brasil perdeu US$ 18,2 bilhões para os chineses nos dois mais suculentos mercados do mundo (EUA e União Européia).
O levantamento mostrou que 72,8% dos danos ocorreram no biênio mais recente e se distribuíram por 16 setores, o dobro dos que registraram perdas para os chineses em anos anteriores.
Como grande parte dos prejuízos é atribuída ao câmbio chinês muito desvalorizado, “Dilma vai tratar do tema com as autoridades chinesas com a devida elegância, tal como o fez com o presidente Obama, em sua visita ao Brasil”, antecipa também Marco Aurélio.
A elegância será usada também para tocar no delicado tema dos direitos humanos? “Não está na nossa pauta”, diz Marco Aurélio.
Dilma, estilo e resultados

DE PEQUIM

A primeira viagem realmente internacional da presidente Dilma Rousseff serviu para duas coisas pelo menos: marcar claramente a diferença de estilo entre ela e seu antecessor e praticar o que vem sendo chamado pela mídia de "diplomacia de resultados".
Diferença de estilo não quer dizer uma mudança na substância da política externa brasileira. Quer dizer apenas que o jeito Dilma de ser nada tem a ver, rigorosamente nada, com o de Lula.
A presidente fez nesta terça-feira dois discursos em Pequim, um em seminário de ciência e tecnologia e, o outro, em seminário de negócios Brasil-China. Não perpetrou um só improviso, não saiu uma linha do texto impresso, não arrancou uma só risada, quanto mais gargalhada, dos auditórios.
Lula era o oposto. Sempre introduzia cacos, histórias de sua vida pessoal ou sindical ou política. E usava expressões populares que devem ter tirado do sério o seu competentíssimo tradutor, Sérgio Ferreira, que, aliás, ficou com o ex-presidente, em vez de acompanhar a sucessora.
Mesmo na entrevista coletiva a que os presidentes usualmente se submetem durante viagens internacionais, Dilma não improvisou. Tinha às mãos uma porção de papéis e fichas que consultava para não perder o fio da meada.
Se me perguntassem, eu responderia que prefiro o estilo Lula. É jornalisticamente mais divertido. Mas não quer dizer, em absoluto, que seja melhor. Ou pior. É diferente e rende mais do ponto de vista noticioso. Se rende mais também do ponto de vista dos interesses da pátria amada, é o que veremos dentro de quatro ou oito anos.
Passemos então aos resultados da visita oficial à China, que praticamente terminou ontem com a assinatura de 12 acordos e do tradicional comunicado conjunto.
Dilma, é claro, festejou o resultado. Veio com uma agenda de mudança da qualidade do comércio China/Brasil, que é quase colonial no momento. A China exporta bens de valor agregado, ao passo que o Brasil vende bens primários.
O comunicado diz que "a parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado do Brasil".
Ponto para Dilma? Nem tanto, se se considerar que o próprio presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Almeida, diz duvidar de que seja possível aumentar as exportações de manufaturados para a China.
Mas a culpa é menos da China e mais do Brasil, que com os juros lá em cima, um câmbio desvalorizado e um sistema tributário anárquico, não tem mesmo muito como competir com os chineses.
O comunicado diz ainda que os dois países "comprometeram-se a ampliar e diversificar investimentos recíprocos, em particular na indústria de alta tecnologia e automotiva e nos setores de energia, mineração e logística, sob a forma de parcerias entre empresas chinesas e brasileiras".
Aí, sim, é ponto para Dilma sem senões. O Brasil precisa, calcula importante empresário, algo em torno de R$ 100 bilhões por ano até 2014 para investimentos, só uma parte coberta pelo BNDES. Na China, sobra dinheiro e a remuneração local é baixa, o que torna o Brasil um porto interessante.
Desde que --ressalva Dilma-- o investimento implique transferência de tecnologia.
A diplomacia brasileira festeja, ainda, o fato de o comunicado ter incluído uma menção aos direitos humanos, tema tabu na China. Eu não festejaria, não, porque o texto diz que "as duas partes fortalecerão consultas bilaterais em matéria de direitos humanos e promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas".
Conhecida como é a experiência chinesa em matéria de direitos humanos, dispenso o intercâmbio.
PS - Aproveite, por favor, enquanto estou em Pequim para me xingar à vontade. O filtro chinês impede "pendurar" comentários ao pé da coluna. Logo, não posso ler nada do que você escreve.

Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".
LAGO DA SOLIDÃO

Madrugada fria, a noite se vai,
Além, no horizonte, as últimas estrelas brilham,
E lá na mata, com alegria, os pássaros trilam,
Vem o dia, já se vê o clarão,
Com exultação me desperto,
Pois ouço a natureza em versos,
No lago da solidão.

Manhã linda de sol,
Eu não vejo uma nuvem sequer,
Nas lá no alto da serra,
A neblina branca impera.
Oculta o verde da mata,
Desfila seu alvo veludo em passeata,
Que até parece um floco de algodão.

Quando a brisa bater
E uma onda formar,
Só se verá encanto,
E as folhas em planto
O orvalho dissolver.

Este lago é o realce do meu rincão,
E eu sozinho sou feliz com sua beleza,
Pois quem vive ligado à natureza,
Não sente a angústia da solidão.
BRICS DE UMA LETRA SÓ

Clóvis Rossi

O Conglomerado BRIC (BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA) soa como tijolo em inglês brick), sinônimo de solidez. Mas é só tirar o C de China que vira um queijo mole e cremoso no miolo (o brie).
Esse jogo de palavras é usado pelo especialista David Rothkopf, presidente da Garten Rothkopf, assessoria especializada em investimentos em mercados emergentes em artigo para a Foreign Policy. É uma maneira, meio sem graça, admito, de deixar claro que o que conta mesmo é o C, porque “tem as maiores reservas e o maior mercado potencial”.
O departamento de pesquisas do Deutsche Bank concorda – e põe números no domínio do C: a economia da China é maior do que as três outras somadas, suas exportações e suas reservas em divisas duplicam a de seus parceiros.
Parceiros, aliás, é um termo forte para Brics (porque agora eles incorporam a África do Sul). Não há entre eles uma liga geográfica, histórica, cultural, política. Dele fazem parte a maior democracia do planeta, a Índia, um Brasil que também é grande nesse capítulo, e a maior ditadura do mundo, a China.
A única liga está dada pelo fato de a sigla ter sido inventada por uma firma financeira, a Goldman Sachs, e alegremente incorporada pelos quatros, como é próprio da era da hegemonia dos “senhores do universo”.
Pois a estreia de Dilma Rousseff no grande mundo do multilateralismo se dará quarta feira exatamente na cúpula dos Brics.
Mal não faz. É sempre bom bater papo com líderes globais, de países importantes por si, independentemente de haver ou não BRICS como conglomerado.
Mas é ilusório esperar muito mais do que isso. Nem quando o voto coincide ele é combinado antes, como aconteceu na abstenção de todos, menos a África do Sul, na recente votação da zona de exclusão aérea sobre a Líbia.
Patriota: posição da OEA atrapalha investimentos ambientais


Ministro das Relações Exteriores disse que Brasil é exemplo em investimento ambiental e indígena e reclamou da cobrança da OEA sobre Belo Monte.
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse hoje (6) que cobranças como a feita pela da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) para suspender as obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte (PA) desestimulam os países que pretendem investir nas áreas ambiental e indígena. Segundo ele, o Brasil é exemplo para o restante do mundo nessas áreas.
“O Brasil tem dado o exemplo nessas áreas, e a reação da comissão acaba sendo um desestímulo para que países façam mais”, disse o chanceler, que passou esta manhã no Congresso em visita ao senador Itamar Franco (PPS-MG). “Se quem está fazendo bem, não tem o esforço reconhecido, quem faz menos ainda vai achar: puxa, não adianta fazer esse esforço.”
Nos próximos dias, segundo Patriota, o governo vai preparar a resposta a ser enviada ao pedido de suspensão das obras e às recomendações para a adoção de uma série de medidas em defesa da proteção dos povos indígenas da Bacia do Rio Xingu. Ontem (5), em nota oficial, de cinco parágrafos o Itamaraty respondeu à solicitação da OEA reagindo às críticas.
O Itamaraty informou ter recebido a recomendação da OEA com “perplexidade” a recomendação e que considera as orientações “precipitadas e injustificáveis”. “O governo brasileiro considera as solicitações da CIDH [Comissão Interamericana de Direitos Humanos] precipitadas e injustificáveis”, diz a nota.
“O governo brasileiro tomou conhecimento, com perplexidade, das medidas que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos solicita que sejam adotadas”, acrescenta. A cobrança da OEA tem o peso de recomendação e não de obrigação, segundo diplomatas que acompanham os organismos internacionais.
Para a OEA, o governo do Brasil deve suspender as obras na área, caso não atendam às demandas das comunidades indígenas afetadas.
A organização recomendou ainda que sejam executadas medidas que garantam a proteção da integridade pessoal dos povos indígenas.
A Usina Hidrelétrica Belo Monte será a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, com capacidade instalada de 11,2 mil megawatts de potência e reservatório com área de 516 quilômetros quadrados.
Fonte: Exame

Presidenta Dilma viaja à China para abrir mercado a produtos brasileiros

Presidenta Dilma viaja à China para abrir mercado a produtos brasileiros

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A presidenta da República, Dilma Rousseff, vai à China na tentativa de abrir o mercado do país asiático a produtos brasileiros. Será a primeira viagem internacional de Dilma a negócios. Desde o ano passado, a China é o maior parceiro comercial do Brasil e o grande desafio brasileiro é o de diversificar a pauta de exportações para os chineses.
As vendas brasileiras são centradas em commodities, mas o governo disse que já encontrou nichos para o Brasil poder fornecer gêneros com maior valor agregado. “Já houve progressos na área de carnes e, com essa visita, espera-se abertura maior”, disse hoje (5) o porta-voz da Presidência, Rodrigo Baena.
Dilma sai do Brasil na sexta-feira (8) e tem chegada prevista em Pequim na segunda-feira (dia 11), pela manhã. Na terça-feira, participará de um seminário com empresários e se encontrará com o presidente chinês Hu Jintao. A presidenta também tem encontro com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Wu Bangguo.
Além da visita de Estado, Dilma participará da reunião da cúpula dos Bric, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China. Além disso, ela visitará um centro tecnológico na cidade de Xian. A presidenta deixará a China no dia 16 com previsão de chegada ao Brasil no dia 17.
Fonte: Agência Brasil

O Brasil deveria ajudar Portugal?

O Brasil deveria ajudar Portugal?

A presidente Dilma Rousseff poderia ter recheado a visita a Portugal, na semana passada, com aquele rosário de declarações gentis e soporíferas sobre os laços históricos e culturais que unem os dois países. Colocada diante de uma questão muito mais provocante, porém, ela não recuou. Para exasperação do presidente de Portugal, Cavaco Silva, e do ex-primeiro-ministro José Sócrates, Dilma tratou abertamente da possibilidade de o Brasil ajudar sua ex-metrópole a sair da crise econômica.
Dadas as péssimas perspectivas dos credores de Portugal neste momento, ela ponderou que o Brasil até poderia emprestar dinheiro ao país europeu, se houvesse garantias. E arrematou: “Isso é questão de negociação”. Haveria alguma negociação capaz de tornar razoável a ajuda do Brasil, ainda repleto de problemas estruturais, a um país da União Europeia?
A declaração de Dilma veio dias depois de o jornalista americano Edward Hadas, do jornal britânico Financial Times, sugerir que Portugal se deixasse anexar pelo Brasil a fim de trocar a “velha e cansada” União Europeia pelo “centro emergente de poder global” que são os Brics, o grupo dos grandes países em desenvolvimento. Era piada, claro, mas os portugueses não têm motivos para rir. O ex-primeiro-ministro José Sócrates havia renunciado dias antes da chegada de Dilma, por não conseguir aprovação para seu plano de reação à crise. As agências classificadoras de risco vêm dando a Portugal notas progressivamente piores, num alerta a seus credores.
Torna-se cada vez mais provável que Lisboa tenha de recorrer ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e ao Fundo Monetário Internacional (opção que o ex-ministro das Finanças Luís Campos e Cunha rotulou como “vergonhosa”) – e os 75 bilhões de euros à disposição talvez sejam menos que o necessário para rolar as dívidas (o país precisa de mais de 20 bilhões de euros apenas neste ano). José Reis, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, desenha um quadro desolador, que une estagnação, ataques especulativos, juros altíssimos, dificuldade de financiamento para empresas e desemprego no maior nível dos últimos 80 anos, acima dos 11%.
O governo brasileiro até poderia encontrar uma forma de emprestar ao país europeu dentro dos limites de risco toleráveis pelo Banco Central, que não ameace o patrimônio pertencente a todo cidadão brasileiro. Mas o gesto seria apenas simbólico, diante da dimensão do problema. Existe, porém, outro caminho, muito mais interessante para os dois países.
Mesmo com o cenário econômico ruim neste momento, Portugal pode oferecer boas oportunidades para companhias brasileiras entrarem no mercado europeu, crescerem e ganharem competitividade. O futuro primeiro-ministro (a ser eleito em 29 de maio ou 5 de junho) deverá propor um programa de privatizações mais ousado do que o pensado por Sócrates, e que precisaria começar em 2012. Um plano assim poderia incluir o todo ou partes de ferrovias, rodovias, serviços de fornecimento de água, bancos e a companhia aérea TAP.
“Portugal tem companhias interessantes, como bancos de porte médio eficientes”, diz o economista e especialista em estratégia empresarial Daniel Motta, professor da escola de negócios Insper. “Mas isso teria de ser uma decisão puramente empresarial, de avaliar oportunidades no mercado europeu.” Quando companhias como Eletricidade de Portugal e Portugal Telecom fizeram compras no Brasil, tomaram uma decisão bem mais fácil, de sair de um mercado maduro de 10 milhões de habitantes para outro, 20 vezes maior e em crescimento. O investimento no sentido inverso exige mais cuidado.
Pode-se confiar na lógica empresarial para reduzir o risco de desperdício de dinheiro em negócios com potencial duvidoso. Essa lógica estaria sob ameaça, porém, caso o governo brasileiro resolvesse agir para incentivar fundos de pensão e empresas a colocar dinheiro em Portugal.
Fonte: Época
Cardozo diz que postura do Brasil em relação à Líbia é soberana

Cardozo: Postura do Brasil em relação à Líbia é "correta, coerente e soberana, dentro dos princípios históricos que orientam as relações internacionais do país".

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou hoje (22) que a posição do governo brasileiro sobre a situação da Líbia, manifestada em nota divulgada ontem (21), pelo Itamaraty, é “uma postura correta, coerente e soberana, dentro dos princípios históricos que orientam as relações internacionais do país”. Para ele, esse posicionamento não interfere nas relações diplomáticas do Brasil com os países que lideraram as operações de ataque ao governo líbio.
Para o ministro da Justiça, “o pressuposto das relações internacionais aponta na direção do respeito à soberania dos demais, por isso o Brasil não é afetado por posturas diferentes da sua num quadro como este”.
Cardozo comentou que a aspiração do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) “não motivaria uma posição diferente da que tomou ao defender o cessar-fogo [na Líbia]. Todos, hoje, reconhecem a importância de qualquer país assumir um posto dessa envergadura, mas o Brasil não colocaria seus princípios sob negociação para ser beneficiado no seu desejo de participar do conselho como membro com direito a voto”, disse.
O ministro participou hoje, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da 5ª Jornada da Lei Maria da Penha. Na ocasião, foram firmados protocolos com diversos órgãos para integração de trabalhos em prol da conscientização e da aplicabilidade da lei nos casos de violência contra a mulher.
Na nota divulgada ontem pelo Itamaraty, o governo brasileiro manifestou formalmente a expectativa de um cessar-fogo efetivo na Líbia, com o fim dos ataques aéreos e das hostilidades entre grupos rivais no país. O Ministério das Relações Exteriores defendeu o fim dos ataques e destacou a necessidade de garantir a proteção da população civil e de buscar a paz e o diálogo, evitando o acirramento do conflito entre partidários e opositores do regime do ditador Muammar Khadafi.

Fonte: Agência Brasil
“Com Dilma, relação com EUA ganhou força”, diz especialista Luis F. Ayerbe

Ayerbe: "parece é que há uma maior identidade com os EUA. Mas não em detrimento de outros parceiros".
18/03/11
A eleição da presidente Dilma Rousseff beneficiou as relações do Brasil com os Estados Unidos, segundo afirmou o coordenador do IEEI (Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais) da Unesp, Luis Fernando Ayerbe.
“Está parecendo, e já se tornou um consenso aqui e fora do Brasil, que, com Dilma, a relação com os EUA ganhou mais força”, disse o especialista.
Ayerbe destacou que, entre as contribuições para estreitar os laços bilaterais, está a escolha do diplomata Antonio Patriota para o Ministério das Relações Exteriores.
Patriota foi embaixador em Washington entre os anos 2007 e 2009, além de ter integrado missões permanentes do Brasil junto aos organismos internacionais em Genebra, e às Nações Unidas em Nova York.
“Sem ser uma ruptura ou uma mudança drástica em relação ao governo anterior, o que parece é que há uma maior identidade com os EUA. Mas não em detrimento de outros parceiros”, explicou o coordenador do IEEI.
Para ele, esta nova postura é “uma visão menos politizada, um pouco mais voltada para os interesses permanentes do Brasil”.
O especialista, no entanto, descarta a ideia de que a visita de Obama ao Brasil ocorra graças à eleição de Dilma, já que, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o país adotou posições que não agradaram Washington, como a aproximação com o Irã.
Segundo Ayerbe, o mandatário norte-americano não visitou o país em outra ocasião por ter tido que enfrentar problemas internos, como a crise econômica. “Ele não veio antes porque não foi prioridade”, comentou.
Durante sua estadia no Brasil, Obama tem previsto um encontro com Dilma Rousseff, em Brasília, e uma visita ao Rio de Janeiro. O presidente norte-americano também irá ao Chile e a El Salvador, como seu primeiro giro pela América Latina.
ARGENTINA
Enquanto as relações entre Estados Unidos e Brasil se estreitam, o mesmo não ocorre com a Argentina.
Logo quando a Casa Branca anunciou o itinerário de Obama pela América Latina, os jornais argentinos destacaram o mal-estar causado pela exclusão do país da lista de destinos.
Washington afirmou que a não inclusão da Argentina no roteiro de Obama deve-se ao fato do país estar em campanha eleitoral para escolher o sucessor da presidente Cristina Kirchner. O pleito vai ocorrer em outubro de 2011.
“O argumento de Obama foi que a Argentina está em processo eleitoral. Mas, de fato, as relações com a Argentina são muito erráticas”, analisou Ayerbe.
“É um país com o qual os EUA não têm boas relações. E a presidente sempre quis ter um diálogo maior com Obama, mas não conseguiu. De fato, há um mal-estar”, afirmou o especialista.
Segundo o coordenador do IEEI, essa relação se agravou com o incidente envolvendo um avião da Força Aérea norte-americana, que teve a carga apreendida pelas autoridades argentinas ao tentar entrar no país.
Buenos Aires defendeu que a aeronave levava armas, remédios e munições clandestinamente, com a desculpa de realizar treinamentos de segurança. Washington, por sua vez, demonstrou desconforto com a situação e pediu explicações, além da devolução da carga.
Fonte: Folha

[Entrevista] Antonio Patriota, 94 anos, possui 1 neta e 4 filhos atuando na diplomacia, incluindo o atual Chanceler brasileiro

[Entrevista] Antonio Patriota, 94 anos, possui 1 neta e 4 filhos atuando na diplomacia, incluindo o atual Chanceler brasileiro

"Hoje, ao ingressar no Instituto Rio Branco, você já tem remuneração como se fosse terceiro secretário. Já tenho uma neta na carreira." (Foto: Júnior Santos)

No Itamaraty, reduto dos diplomatas brasileiros, a principal família não é de nenhum político ou gestor. Na verdade, entre o corpo de diplomacia nacional está presente uma verdadeira família, com três gerações, e que tem como origem a pequena cidade de Touros, no Rio Grande do Norte. Foi desse município que saiu o jornalista Antônio Patriota, que durante quase 20 anos foi diplomata brasileiro chegando, inclusive, a ser o chefe da Missão da ONU no Caribe e representante da ONU no Haiti. Antonio Patriota, hoje com 94 anos, originou um verdadeiro clã no Palácio Itamaraty. Dos cinco filhos, quatro atuam na diplomacia brasileira: Lúcia Patriota, hoje aposentada, mas que chegou a ser chefe do setor cultural da Embaixada do Brasil em Washington; Guilherme Patriota, hoje atuando na assessoria diplomática da Presidência da República; Izabel Patriota, oficial de chancelaria, e Antônio Patriota, ministro das Relações Exteriores. Além deles, ainda há a neta, Nilza Patriota, atuando nos Estados Unidos.
Entre todos, o de destaque hoje é o filho Antonio de Aguiar Patriota, que sucedeu Celso Amorim como ministro. O patriarca Antônio é um entusiasta da família e da carreira diplomática. Confessa que nunca havia pensado em seguir essa trajetória, mas se diz realizado e parte dele palavras de incentivo para quem deseja servir ao Governo brasileiro a partir da diplomacia.“Um dos melhores empregos do mundo é a carreira diplomática do Brasil. Nosso passaporte vermelho é muito bem visto lá fora. Nós temos uma carreira que você tem toda liberdade pode se especializar no que quiser e ao mesmo tempo servir na repartição onde está lotado. Hoje você ingressa basta ter mérito. Seja branco, preto, rico, pobre, tendo mérito você ingressa”, comenta ele.O convidado de hoje do 3 por 4 é um diplomata aposentado, um potiguar acolhedor, um cidadão brasileiro com grandes lições de mundo. Com vocês, o jovem Antonio Patriota, que aos 94 anos mostra alegria de viver e de ensinar.

Detalhes
Antonio Patriota, 94 anos, é potiguar nascido em Touros. A formação inicial desse diplomata aposentado é Jornalismo. Mas foi com o ingresso no Instituto Rio Branco que ele começou a trilhar o que seria sua principal carreira. Começou a carreira servindo como diplomata na Divisão Econômica do Itamaraty no Rio de Janeiro. Passou por diversos consulados como Genebra, San Salvador, Califórnia. Chegou a ser conselheiro na Missão do Brasil à ONU, em Nova Iorque, no período de 1967 a 1969. Aos 55 anos já estava aposentado da carreira de diplomata, mas continuou com o trabalho internacional. Durante seis anos serviu como Chefe de Missão (que tem status de embaixador) da ONU no Caribe.

Perfil
Sonho: eu gostaria de ter chegado a embaixador do Brasil. O cargo no Caribe era equivalente a embaixador, fiquei durante mais de seis anos como chefe de missão
Em que acredita: boa saúde, esporte, educação

Projeto: hoje já não tenho mais projeto de vida, porque minha vida já está realizada. Tenho 94 anos, mas quero continuar com saúde. Adoro música, leio, escrevo
Teria hoje o senhor uma família de diplomatas? Afinal, é um pai, quatro filhos e uma neta.
Eu nasci em Touros, no Rio Grande do Norte. Saí daqui depois que meu pai morreu. Na época eu tinha 15 anos e fiz a vida no Rio de Janeiro. E depois de diversas empresas privadas onde trabalhei, ingressei na carreira diplomática. Trabalhei em diversos países, duas vezes na Suíça, duas vezes nos Estados Unidos, no Caribe. E os filhos foram nascendo e se educando. Geralmente, aprendendo línguas, Francês, Inglês, Espanhol. Trabalhei na Suíça francesa. E veja que terminou quatro ingressando na carreira diplomática.

Então só uma filha do senhor que não ingressou na carreira diplomática?
Mas essa que não ingressou ela é fabulosa. Tem PHD em Vancouver. Ela tem 25 livros publicados, foi a primeira mulher que ingressou como acadêmica na Academia Brasiliense de Letras.

Como um potiguar chega a uma carreira diplomática?
Eu tenho brincado e digo que tudo isso começou na rua do Capim em Touros, a rua que hoje se chama Ferreira Itajubá. Eu, depois de diversas tentativas em empresas privadas, pensava que era preciso ter curso de Direito para entrar como diplomata. Mas quando me dispus a ingressar na carreira diplomática, vendo que qualquer curso universitário servia eu já tinha o curso de jornalista. Então eu fiz o concurso para o Rio Branco já tardiamente. Fiz no limite da idade, que era 35 anos. Hoje não tem isso, você pode fazer o curso com qualquer idade, é uma garantia da Constituição. Então, ingressei com 35 anos e fiz o primeiro ano e no segundo ano, quando estava para terminar, surgiu concurso direto para provimento imediato na carreira. Eu que era o mais velho da turma não poderia deixar passar, fiz o concurso e passei.

É possível comparar a diplomacia brasileira do início da sua carreira para de hoje?
Quando ingressei já ingressei sobre a égide do mérito do Instituto Rio Branco. No meu tempo a coisa era mais na base de família rica e coisa parecida. Acho até que por tamanho e beleza. Mas ingressei pelo mérito, fiz o concurso. Minha família foi crescendo e eles (os filhos), sem que eu influenciasse diretamente, todos os que quiseram ingressaram na carreira.

Mas a diplomacia brasileira hoje é mais atuante que antigamente?
A diplomacia hoje é muito atuante. Você veja, acho até que o avanço que o Brasil tem dado ultimamente no terreno internacional, a sua presença maior, se deve muito a diplomacia. O Lula (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) deve muito ao Celso Amorim, com o qual meu filho (Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores) trabalhava. Também tem uma assessoria diplomática no Planalto e já tinha nos outros governos, Itamar Franco já tinha. Antonio (Antonio Patriota, o hoje ministro) trabalhou nessa assessoria do Planalto muito antes de ser embaixador em Washington. Essa assessoria ajuda muito.

Há algumas críticas sobre a diplomacia brasileira no que se refere aos custos. É caro manter essa estrutura nos países.
A presença de um país como o Brasil que foi exaltado pelo presidente do Estados Unidos, Barack Obama, é cara. A diplomacia, queiramos ou não, ela é cara. Agora o Brasil tem embaixada e consulado em quase todos os países que interessam. Tem uma centena de embaixadas. Claro que isso é caro, mas é necessário se quisermos manter a presença que nos compete e para a qual nos achamos habilitados. Isso, realmente, pode, queiramos ou não, é o ônus indispensável.

De todos os presidentes da República com os quais o senhor trabalhou qual lhe marcou mais?
Eu comecei a trabalhar, minha nomeação foi com Getúlio Vargas. Depois o Juscelino Kubitshek marcou muito porque eu quando cônsul adjunto em San Francisco da Califórnia fiz um mestrado na universidade da Califórnia. Naquela ocasião havia muita eferverscência de metas. Os programas de metas do Juscelino se deveu muito aos diplomatas. Um dos grandes economistas de então era o Otávio Dias Carneiro. O Juscelino me marcou muito. Mas servindo no exterior ou mesmo na Secretaria de Estado do Itamaraty você é um funcionário de uma entidade de Estado. Você não depende de política, de nomeação. Você é um servidor do Estado, é um republicano. Servi durante a ditadura. Inclusive fui prejudicado por ela, me aposentei com 55 anos, tendo entrado com 35 anos. Graças a promoção, ao empenho do próprio Itamaraty fui para as Nações Unidas como diretor. No total, trabalhei 20 anos como diplomata e fui outros seis anos representante do escritório das Nações Unidas no Caribe. Era um escritório com mais de 200 pessoas. Era um escritório de alto nível.

Seu filho, o ministro Antônio Patriota, lhe pede conselho?
Eu procuro não interferir. Não me considero conselheiro dele. Claro que a gente conversa de vez em quando e dou minha opinião. Mas ele não me pede nada e não precisa. Ele é muito competente, tem muito traquejo, é um homem de carreira, desde os primórdio. Foi primeiro de turma para entrar no Rio Branco.

Se o senhor tivesse que dar um conselho a ele (o ministro Antônio Patriota) hoje diria o quê?
Diria apenas que tivesse cautela para não dizer tolice. As vezes a tolice complica. O Lula dizia muita coisa certa, mas de vez em quando escorregava e dizia umas bobagens. Isso pesa muito e desgasta.

Foi tropeço do governo Lula estreitar as relações com o Abmadinejad (presidente do Irã) e com Hugo Chávez (presidente da Venezuela)?
Digamos com o Abmadinejad o que se queixa muito é a tentativa ajeitar o programa nuclear junto com a Turquia. Isso, segundo consta, o próprio Obama havia aprovado previamente através do Celso Amorim. Foi uma tentativa que não deu certo, mas poderia ter dado. De qualquer maneira a tônica era o diálogo, conversar ao invés de encurralar uma pessoa supostamente perigosa como é esse homem. De maneira que eu não condenaria. Se eu tivesse essa responsabilidade talvez eu não tivesse feito, mas eu não condenaria o Brasil por aquela tentativa.

A diplomacia hoje do Instituto Rio Branco é alvo do sonho de milhares de pessoas que buscam ser diplomatas. O que o senhor diria para essas pessoas?
No meu tempo você ingressava no Instituto Rio Branco e por acaso tinha bolsa. Hoje ao ingressar no Instituto Rio Branco você já tem remuneração como se fosse terceiro secretário. Já tenho uma neta na carreira. Tenho uma filha diplomata e casada com um embaixador. Um dos melhores empregos do mundo é a carreira diplomática do Brasil. Nosso passaporte vermelho é muito bem visto lá fora. Nós temos uma carreira que você tem toda liberdade, pode se especializar no que quiser e ao mesmo tempo servir na repartição onde está lotado. Hoje para você ingressar basta ter mérito. Seja branco, preto, rico, pobre, tendo mérito você ingressa.

Fonte: Tribuna do Norte
ASSUNÇÃO

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, convocou hoje a imprensa do país para transmitir mensagem sobre a aprovação, na Câmara dos Deputados, em Brasília, de uma proposta que aumenta os valores pagos pelo Brasil aos paraguaios pelo consumo de energia. Os deputados brasileiros aprovaram o tratado que autoriza aumento equivalente a três vezes o valor das tarifas pagas pelo consumo de energia da Hidréletrica Itaipu Binacional.
De acordo com o governo do Paraguai, o país recebe US$ 120 milhões a título de compensação pela energia não utilizada que se destina ao Brasil. Pelo tratado aprovado ontem, mas que precisa ainda ser submetido ao Senado, a estimativa é que o Paraguai passe a receber US$ 360 milhões.
Para os paraguaios, o tratado é o que eles chamam de recuperação da soberania energética. Os termos do acordo foram negociados por Lugo e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Assunção, em julho de 2009.
Segundo negociadores, os paraguaios sugeriram que o apoio ao pleito brasileiro de conquistar uma vaga permanente no Conselho de Segurança nas Nações Unidas estava condicionada à aprovação da elevação das tarifas relativas a Itaipu. Para o Brasil, a reforma do conselho é um dos temas prioritários da política externa.
O projeto de decreto legislativo sobre o Tratado de Itaipu foi aprovado ontem à noite por 285 votos favoráveis e 54 contrários. Ele estabelece que o multiplicador para a remuneração da cessão de energia, que hoje é de 5,1, passa para 15,3, aumentando em três vezes o valor da energia cedida pelo Paraguai ao Brasil.
O assunto agora segue para apreciação e votação no Senado, em data a ser definida. Há alguns meses, o governo vem trabalhando para a aprovação do Tratado de Itaipu, mas a oposição insistia em obstruir a votação caso a matéria fosse colocada na pauta. Os recursos para custear o adicional do valor da energia serão definidos pelo Tesouro Nacional, “de forma a não onerar a tarifa de energia elétrica paga pelo consumidor brasileiro”.

Fonte: Jornal do Brasil
11/04/11

Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual

São Paulo – O maior crescimento de gastos militares de 2001 a 2009 ocorreu na América do Sul, segundo estudo do Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês). O fato de a região não ter sido tão gravemente afetada pela crise econômica mundial de 2008-2009 é uma das explicações para a liderança. O Brasil é responsável pela maior parte desse aumento, o que indica, para a entidade, uma tentativa de “projetar poder e influência” tanto para o continente como para além dele.

Em média, o aumento do gasto sul-americano com setores militares foi de 3,7% ao ano – em 2010, foram investidos US$ 63,3 bilhões, 5,8% a mais do que no ano anterior. No Brasil, de 2009 para 2010, a alta foi 9,3%. “(O Brasil) está proativamente buscando projetar seu poder e influência além da América do Sul por meio da modernização de seu setor militar”, diz o relatório.

“Esse aceleração do crescimento na América do Sul é surpreendente, dada a falta de ameaças militares reais para a maioria dos Estados da região, e a existência de necessidades sociais mais preeminentes”, afirma o Sipri.

Segundo o instituto sueco, salários e pensões de militares de alguns dos países puxam parte da expansão. A compra de armas deve diminuir de ritmo nos próximos anos, apesar do crescimento recente. Em média, de 50% a 70% do total da verba associa-se a pessoal.

Além do Brasil, outro destaque na região é a Colômbia, segundo o estudo. Apesar de viver situações de conflito interno com guerrilheiros e grupos paramilitares, o aumento é contínuo pelo menos desde 2001 – 72% no total. Os atuais US$ 10,7 bilhões gastos por ano são resultado de crescimento de 7,2% em 2010.

A Venezuela, por sua vez, foi na contramão, com redução de 27,3%. Com isso, o país de Hugo Chávez gasta menos hoje do que o fazia em 2001.

No mundo

Os gastos militares atingiram, em 2010, US$ 1,6 trilhão no mundo todo, um recorde na série histórica. Apesar disso, há uma redução na expansão. De 2008 para 2009, o aumento havia sido de 5,9%, ante 1,3% no ano passado. A crise econômica é apontada como responsável pela diminuição no ritmo de crescimento.
Os Estados Unidos lideram o ranking, alcançando US$ 698 bilhões em despesas militares em 2010. O valor é seis vezes maior do que a segunda colocada, a China. Sozinhos, os norte-americanos controlam 42% do que é aplicado no mundo com militares e mais de dez vezes mais do que toda a América do Sul. Grã-Bretanha, França e Rússia vêm a seguir. O instituto não apresentou projeções para 2011, já que, além da presença de tropas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão, há ações bélicas na Líbia.

O aumento do gasto da administração Obama em 2010 foi de 2,8%, bem inferior aos 7,7% constatados em 2009. Desde 2001, a elevação foi de 81%, ainda segundo o relatório.

Na Europa, as despesas militares caíram 2,8% devido a cortes orçamentários promovidos especialmente em países menores e mais vulneráveis. A maior parte das nações que passam por isso estão na Europa Central e no leste europeu.

Mesmo sem ter enfrentado grande recessão nos últimos anos, os países da Asia apresentaram crescimento do setor de 1,4% em 2010. O governo chinês associou o desempenho ao crescimento menor da economia do país em 2009.

No Oriente Médio, o gasto chegou a US$ 111 bilhões em 2010, aumento de 2,5%. O líder da região é a Arábia Saudita. Na África, Argélia, Angola e Nigéria – todos produtores de petróleo – foram os principais responsáveis pelo aumento de 5,2% nas despesas da região.

Clique aqui para ler o resumo do relatório em inglês ou espanhol.

Fonte: Rede Brasil Atual

Vazador do Wikileaks leva relator da ONU a repreender EUA

Vazador do Wikileaks leva relator da ONU a repreender EUA

DE SÃO PAULO

O relator especial da ONU sobre tortura, Juan Mendez, emitiu uma rara advertência o governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira, por negar seu acesso ao soldado americano preso por ter vazado ao site WikiLeaks documentos diplomáticos do país, informou o jornal inglês "Guardian".
Segundo o jornal, o governo americano impediu visitas de Mendez ao soldado Bradley Manning. Esse tipo de advertência é usado pela ONU para censurar regimes autoritários.
"Eu estou profundamente decepcionado e frustrado pela prevaricação do governo americano em relação às minhas tentativas de visitar o senhor Manning", disse o relator da ONU em seu parecer.
A situação de Manning na prisão já tinha sido alvo de críticas e preocupação da comunidade internacional. Em janeiro, a Marinha americana substituiu o comandante do centro militar onde ele está preso depois de seus advogados e da Anistia Internacional terem denunciado supostos maus-tratos ao soldado.
Manning está preso na base de Quantico, Virginia.
Segundo o "Guardian", o relator da ONU não conseguiu autorização para se encontrar com Manning em particular, sem um soldado presente. Na presença do soldado, qualquer coisa que Manning diga pode ser usado contra ele na corte marcial.
O jornal inglês acrescenta que Mendez tem autorização para fazer visitas "não-monitoradas" a Manning. Em seu posto, ele tem conseguido colocar essa prerrogativa em prática em 18 países nos últimos seis anos.
Desde o Natal, Mendez investiga as queixas contra o tratamento dado ao soldado.
"Desde dezembro de 2010, eu venho tentando convencer o governo americano de permitir a visita a Manning, a convite de seu advogado, para avaliar sua condição", disse Mendez. "Infelizmente, o governo americano não foi receptivo a uma visita confidencial".
INTEGRIDADE
O relator da ONU também exige que as autoridades assegurem a integridade física e mental do soldado que, segundo ele, passa 23 horas por dia trancado.
Mendez iria emitir seu parecer na última sexta-feira, mas decidiu adiar para esta segunda-feira para depois do encontro com representantes do Departamento de Defesa americano e do Departamento de Estado para pedir que eles reconsiderem a decisão de negar o acesso livre ao prisioneiro.
Segundo o "Guardian", os funcionários americanos disseram que Manning pode pedir para ver Mendez em uma visita supervisionada.
"Uma conversa monitorada com Manning não está de acordo com as práticas que são aplicadas ao meu cargo em todos os países e centros de detenção que visito", disse Mendez.
O relator da ONU deixou claro, de acordo com o jornal inglês, que espera mais dos Estados Unidos. 'Os Estados Unidos da América têm um papel central em dar o exemplo em assuntos relacionados ao meu cargo como relator sobre tortura, o que os torna um parceiro vital".
O advogado do soldado, David Coombs, disse em um blog na internet que vem tentando organizar visitas, inclusive a do congressista democrata Dennis Kucinich.
Antes de assumir como relator sobre tortura, Mendez trabalhou nas Nações Unidas como especialista em genocídio.

China certifica apenas 3 frigoríficos de carne suína brasileira

China certifica apenas 3 frigoríficos de carne suína brasileira

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A China autorizou apenas três dos 13 frigoríficos brasileiros inspecionados a exportar carne suína para o país.
"Um começo. Esperava-se mais", afirmou à Folha o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que está em Pequim.
Os frigoríficos de suínos foram inspecionados em novembro por uma missão chinesa. A expectativa do governo e de empresários do setor era de que a visita da presidente Dilma Rousseff, que chegou hoje ao país asiático, precipitasse a autorização de todos os frigoríficos.
A China é o maior consumidor e produtor de de carne suína do mundo. A liberação de exportações brasileiras vem sendo negociada desde 2009.
Apesar do atual veto à importação de carne suína brasileira, o produto acaba chegando ao consumidor chinês via Hong Kong, para onde é exportado legalmente e em seguido contrabandeada por comerciantes chineses.
Embora pertença à China, a cidade tem uma política comercial diferenciada, fruto do acordo para a devolução da ex-colônia britânica.

Mulheres são presas em ato a favor do uso do véu islâmico em Paris

Mulheres são presas em ato a favor do uso do véu islâmico em Paris

DA FRANCE PRESSE, EM PARIS

Duas mulheres que usavam o niqab (véu islâmico integral) -- cujo uso é proibido a partir desta segunda-feira-- e simpatizantes da causa foram detidos durante uma manifestação que não havia sido comunicada à polícia diante da catedral de Notre Dame, em Paris.
Além das duas mulheres que vestiam o niqab, outra mulher que vestia um véu que não escondia o rosto e um dos líderes da manifestação também foram presos, informou o delegado Alexis Marsan.
"Não foram detidas por usar o véu islâmico integral, e sim porque não informaram sobre o protesto", declarou o policial.
Na França, organizadores de uma manifestação devem solicitar autorização à polícia.
O organizador do protesto, Rachid Nekkaz, da associação "Não toque em minha Constituição", afirmou à France Presse que foi detido com uma amiga que usava o niqab diante do Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa, pouco antes da manifestação em Notre Dame.
Nesta segunda-feira,entrou em vigor na França uma lei que proíbe o uso do véu islâmico integral --burca ou niqab, que cobrem da cabeça aos pés com uma abertura na altura dos olhos-- em todos os espaços públicos na França, desde prédios estatais, hospitais, agências de correios até transportes públicos e lojas.
O uso pode ser punido com uma multa de 150 euros (R$ 340) ou um curso de instrução cívica.
De acordo com dados oficiais, 2.000 mulheres muçulmanas usam o véu islâmico integral na França.
A França é o primeiro país europeu a adotar uma lei que proíbe o véu integral, mas outros Estados analisam medidas similares.

BALANÇO DE DILMA EM CEM DIAS DE GOVERNO

BALANÇO DE DILMA EM CEM DIAS DE GOVERNO

Editorial da Folha de São Paulo

Pontos fracos:

- Economia: incerteza sobre combate à inflação e riscos na área cambial.

- Indisciplina fiscal: mais R$ 55 bilhões para o BNDES; estímulo a crédito e a demanda.

- Intervencionismo: interferência n direção da VALE e da CEF.

- Pendências: Copa e Olimpíada; trem bala e Código florestal.

- Imagem: falta de programa ou reforma definidores da gestão.

BALANÇO DE DILMA EM CEM DIAS DE GOVERNO

BALANÇO DE DILMA EM CEM DIAS DE GOVERNO

Editorial da Folha de São Paulo

Pontos fortes:

- Política externa: rigor com direitos humanos; relações mais equilibradas com EUA E China.

- Estilo de governo: menos estridência; maior controle gerencial.

- Economia: menos ortodoxia do BC contra inflação e mais afinidade com a Fazenda.

- Disciplina Fiscal: freio no salário mínimo; corte de 50 bilhões no Orçamento.

- Imagem: menos populismo; preocupação com classe média.

COITADINHO ERA LEGAL

COITADINHO ERA LEGAL

Não aguardem a lastimosa data da partida,
Nem esperem colocar-se diante da jazida,
Ainda que não seja em uma noite garrida,
A qualquer momento,
Independente do estímulo da bebida,
É uma boa ocasião para enaltecer
Uma digna conduta de vida.

Mesmo que seu amigo optasse
Por uma modesta existência.
Se ele foi exemplo de honestidade
E era brilhante nas suas atividades,
As pessoas reconheciam sua genialidade,
Deveriam envaidecer seu ego em vida.

Talvez, por ser discreto e sem vaidades,
Não se importava com encômios e notoriedades.
Só reconheceram sua dignidade
E elogiaram suas qualidades,
Quando os louvores ele já não ouvia.
Portanto, chegaram tão serôdias as honrarias.

LEMBRANÇAS QUESTIONADAS

LEMBRANÇAS QUESTIONADAS

Como eram belos aqueles dias!
Menino, tão cândido, dos meigos lábios de mamãe,
Eu ouvia
Amena canção, porém inesquecível
Para alguém tão singelo e também sensível.

Que indelével lembrança
De indescritíveis passagens vividas!
Sua voz ainda me acalenta
Na sua doce canção preferida.

Até hoje eu ainda questiono?
Se ela não era cantora
Profissional e nem amadora,
Cantava apenas para
Extravasar sua alegria?

Por que, então, ela era radiante?
Se pouco possuía?
Os filhos e os trabalhos domésticos
Eram motivos da eufonia?
Ou, aos ouvidos de um filho,
Qualquer acorde, ainda que em desarmonia,
É uma cantiga de ninar, é uma suave melodia?


Que indelével lembrança
De indescritíveis passagens vividas!
Sua voz ainda me acalenta
Na sua doce canção preferida.


JOSÉ BENEDITO FERRAZ DA SILVEIRA