segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Guilherme da Cruz Backes

UMA BREVE REFLEXÃO ACERCA DA POLÍTICA ECONÔMICA DO COMEÇO DO SÉCULO XXI

Com a eclosão de inúmeros protestos em países europeus como Espanha, Grécia e Reino Unido, alguns questionamentos devem ser mencionados. Países que outrora contavam com economias desenvolvidas e mais bem preparadas para crises como à que estamos assistindo atualmente vem sendo palco de inúmeras reações – muitas delas, violentas – por parte de suas próprias populações.
Entrementes, o que pode ser concatenado e inferido dessa onda de insatisfação popular que arrasa o Velho Continente? Keynes, ainda na década de 1930, já discorria sobre a importância de métodos anticíclicos perpetrados pelo Estado para que as economias domésticas pudessem sair de períodos de recessão ou de depressão. O que mais surpreende, no entanto, é a utilização de formas anacrônicas por parte de certos governos para que suas respectivas economias voltem a patamares razoáveis de estabilização e de segurança.
Com o estímulo e o apoio de organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), testemunhamos cortes de gastos públicos, deterioração de serviços básicos e privatização de antigas estatais em grande parte da Europa. Tudo isso em nome da famigerada responsabilidade fiscal. Ora, se o estímulo a novos investimentos for neutralizado por tais medidas austeras, obviamente a economia desses países não voltará ao seu dinamismo anterior à crise, não contribuirá para o crescimento do comércio internacional e tampouco terá condições de honrar os empréstimos concedidos pelo Banco Central Europeu e pelas demais instituições financeiras.
Por outro lado, isso não quer dizer que o liberalismo deva ser atacado de antemão, conforme o fazem alguns diletantes da heterodoxia marxista. O fato é que para salvar o próprio sistema capitalista, muitas vezes a presença do Estado se faz necessária, diante de especulações financeiras, de pânico nas Bolsas de Valores e de demais comportamentos desencadeados por crises econômicas. Isso quer dizer, portanto, que nem sempre a ortodoxia do laissez-faire tem a capacidade necessária para estabilizar um período de turbulência, tal como o que presenciamos agora.
Por fim, o mais inusitado de tudo isso é o fato de as economias emergentes estarem mais bem preparadas para as atuais contingências econômicas do que as grandes potências do Norte. Com incentivos fiscais e investimento em setores estratégicos, o governo brasileiro, por exemplo, vem adotando uma alternativa completamente diferente do que se vê na Europa. Evidentemente, o governo brasileiro deve permanecer atento ao que acontece fora da América do Sul. Entrementes, se Keynes ou o Consenso de Washington é que estava certo, somente o tempo irá confirmar.

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