segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Guilherme da Cruz Backes

A CIÊNCIA PODE PREVER O FUTURO?

No começo deste século XXI, a sociedade internacional passa por inúmeros processos que têm como precípua consequência a proliferação de incertezas e, indubitavelmente, a quebra de antigos paradigmas das relações internacionais. A intensificação das divergências ideológicas entre republicanos e democratas, nos Estados Unidos, a crise econômica que assola as economias mais desenvolvidas e, até mesmo, a credibilidade do dólar, a ascensão de novas potências econômicas – em especial, a China – e o questionamento cada vez mais crescente por parte de certos intelectuais e políticos europeus quanto à viabilidade de construção de uma Europa multicultural são alguns dos componentes que deflagram essa eminente onda de transformações, responsáveis pela configuração da nova ordem mundial, após o colapso do sistema bipolar – outrora capitaneado pelos EUA e pela antiga URSS.
Indubitavelmente, esses temas supramencionados nos fazem refletir acerca da limitação das Ciências Sociais em, de alguma forma ou de outra, prever o futuro. Diante de objetos de estudo complexos como o são os fenômenos internacionais, a ciência encontra, doravante, sua legitimidade e sua função social estritamente na elaboração de prováveis cenários.
Sob esse ponto de vista, a antiga ideia positivista – cujas origens podem ser encontradas no Iluminismo europeu –, de por meio da aplicação de métodos científicos encontrar possíveis leis naturais que regem a sociedade, mostra sua inviabilidade. O desejo de autoridades intelectuais como Saint-Simon e Auguste Comte esfacela-se facilmente diante da imprevisibilidade e da cada vez mais interdependente sociedade internacional. Ademais, o desenvolvimento das tecnologias de comunicação, a instabilidade de regimes políticos, o crescente questionamento de antigos valores e a “impressionante” irracionalidade de determinados atores internacionais complexificam ainda mais esse decrépito pensamento da comunidade científica.
Tantos são os exemplos, mas fiquemos apenas com a irrupção das revoltas populares no norte africano e no Oriente Médio, para não mencionarmos a crise financeira que ainda perturba economistas de diferentes matizes ideológicas. Com a nova ordem mundial, a “cilada positivista” finalmente mostra o que as Ciências Sociais não podem ter como premissa para a construção do conhecimento científico - a previsão a médio e longo prazos, pois como afirma Hélio Scwhartsman, “ Um macaco lançando uma moeda obteria resultados comparáveis”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário