segunda-feira, 18 de abril de 2011

Escolhas erradas


A República de Weimar proclamada em 9 de novembro de 1918 inaugura a primeira tentativa de um Estado-nacional com caráter social-democrata. A Constituição promulgada a partir da Assembléia Constituinte convocada em janeiro de 1919 criou uma República federalista, liberal, democrática, parlamentarista, com dezessete Estados. Os eleitores alemães, por voto direto escolheriam um presidente a cada sete anos. Ele indicaria um chanceler para exercer o governo. O Legislativo era dividido em duas câmaras: Reichstag (Assembléia) seria composto por deputados eleitos por voto universal e o Reichsrat (Assembléia do Reino), por representantes dos 17 Estados.
Os sociais-democratas alemães derrubaram a monarquia do Segundo Reich ao fim da 1° Guerra Mundial. O tratado de Versalhes imposto principalmente pela França – com espírito de desforra - arrasou a economia alemã gerando desemprego e inflação galopante; reduziu o território alemão (perdia um sétimo de seu território); impôs desarmamento (o exército reduzido a 100.000 homens, sem marinha de guerra, artilharia pesada, tanques nem aviões); e pesadas indenizações (132 bilhões de marcos-ouro).
O Governo da República de Weimar “aceitou” tais condições do Tratado de Versalhes. As dificuldades econômicas se acentuavam, o marco alemão se desvalorizou: um dólar comprava 186 no início de 1922; em janeiro de 1923, o dólar já comprava 7260 marcos. Porém, segundo os Historiadores a República alemã de 1924 a 1929 passou por uma fase estável graças a fatores como a entrada de créditos americanos e ingleses.
Friedrich Ebert (1871-1925), político alemão, teve um papel destacado na República de Weimar ao exercer os cargos de presidente (Reichspräsident) – 1919-1925 – e chanceler (Reichskanzler) – 1918-1919. Ao morrer em 1925, ascende ao poder o monarquista Paul Von Benkendorff Hindemburg (1847-1934). Esse homem seria decisivo para o futuro da República de Weimar.
No entanto em 1929 a crise da Bolsa de Nova York atinge profundamente a Alemanha. O desemprego se acentua: 1 milhão de pessoas em 1929; 3 milhões em 1930; mais de 6 milhões em 1931. Diante da crise econômica cresceu uma forte e agitada oposição política radicalizada em dois movimentos ideológicos de insatisfação popular: os comunistas alemães e o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
O anti-semitismo toma corpo à medida que a crise econômica é vista como fruto do capitalismo internacional. Os judeus eram identificados como detentores do dinheiro e da prática da usura.
Aparece cada vez mais em cena no palco da tragédia da política alemã um personagem que nos é bastante conhecido: Aldof Hitler. Fundador do Partido Nationalsozialist (Nazi), dotado de uma oratória grandiloquente, convencia e fascinava multidões com seus discursos nacionalista, anti-semita e anti-marxista. Após vários reveses, Hitler foi nomeado chanceler em 30 de janeiro de 1933. Em apenas 23 meses, em atos de ilegalidade, golpes de força e assassinatos, Hitler acumulou as funções de Chanceler e Presidente (Führer). A partir daí a “paz armada” iniciada em 1919 após a I Grande Guerra marchará para a deflagração de um conflito verdadeiramente mundial. Em 1° de setembro de 1939 inicia-se a II Guerra Mundial quando da invasão das tropas nazistas na Polônia.
Leitor, ou melhor, eleitor, a urgente necessidade de relatar tais acontecimentos ligados diretamente a História da Alemanha servem para refletirmos acerca do impactante peso da política.
Os autores da Ciência Política afirmam que a coexistência de fatores como um Executivo Fraco, a presença de grupos de oposição - esquerda quanto de direita – apoiados por uma alienada população descontente e distante dos representantes parlamentares acarretam na radicalização da prática política.
Radicalizar na política significa o desejo e o ímpeto de romper com a ordem. Como afirma o professor e pesquisador Miguel Chaia da Pontifícia Universidade Católica (PUC): “a quebra da ordem, seja pelo golpe ou pela guerra, desestabiliza a política, retirando-a de seu curso normal, abrindo espaços para os mais diferentes tipos de violência”.
Em tempos de crise na política sempre existirão homens oportunistas e com segundas intenções. Discursos vazios, emotivos, ânimos exaltados, gestos rítmicos e teatrais contendo os seguintes jogos de palavras são indicativos para esse político “aproveitador”: mudança, revolução, rompimento com a ordem vigente, instalação de uma “nova e justa ordem”. Nem sempre o novo, o diferente, o excêntrico, o engraçado, o patético e o imbecil trarão a solução ou resolverão de forma satisfatória os problemas enfrentados pela política. Cuidado com aquele que você escolhe. A sua escolha determina o futuro do país e de várias gerações existentes e a nascer.

José Renato Ferraz da Silveira.

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