terça-feira, 12 de abril de 2011

BRICS DE UMA LETRA SÓ

Clóvis Rossi

O Conglomerado BRIC (BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA) soa como tijolo em inglês brick), sinônimo de solidez. Mas é só tirar o C de China que vira um queijo mole e cremoso no miolo (o brie).
Esse jogo de palavras é usado pelo especialista David Rothkopf, presidente da Garten Rothkopf, assessoria especializada em investimentos em mercados emergentes em artigo para a Foreign Policy. É uma maneira, meio sem graça, admito, de deixar claro que o que conta mesmo é o C, porque “tem as maiores reservas e o maior mercado potencial”.
O departamento de pesquisas do Deutsche Bank concorda – e põe números no domínio do C: a economia da China é maior do que as três outras somadas, suas exportações e suas reservas em divisas duplicam a de seus parceiros.
Parceiros, aliás, é um termo forte para Brics (porque agora eles incorporam a África do Sul). Não há entre eles uma liga geográfica, histórica, cultural, política. Dele fazem parte a maior democracia do planeta, a Índia, um Brasil que também é grande nesse capítulo, e a maior ditadura do mundo, a China.
A única liga está dada pelo fato de a sigla ter sido inventada por uma firma financeira, a Goldman Sachs, e alegremente incorporada pelos quatros, como é próprio da era da hegemonia dos “senhores do universo”.
Pois a estreia de Dilma Rousseff no grande mundo do multilateralismo se dará quarta feira exatamente na cúpula dos Brics.
Mal não faz. É sempre bom bater papo com líderes globais, de países importantes por si, independentemente de haver ou não BRICS como conglomerado.
Mas é ilusório esperar muito mais do que isso. Nem quando o voto coincide ele é combinado antes, como aconteceu na abstenção de todos, menos a África do Sul, na recente votação da zona de exclusão aérea sobre a Líbia.

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