terça-feira, 8 de março de 2011

A mulher e a família moderna

A mulher e a família moderna

Bruno L. Pelikan Teixeira


Família, do latim familia, de famel (escravo, doméstico), analisado na maioria dos casos com o sentido stricto, significando a família que todos nós conhecemos, composta de pai, mãe e filhos, cuja é a base de toda sociedade. Contudo, na nossa atual sociedade, nos acertamos sobre uma nova realidade, um novo tipo de hierarquia familiar, uma nova família, onde não existe somente uma autoridade paternal ou maternal, e sim, ambas.
Esse novo protótipo de família vem emergindo devido dentre um dos motivos a grande ascensão feminina perante a sociedade, onde a mulher hoje está “a par” de direitos e poderes perante o homem, digo a par entre aspas pelo fato de que mesmo sendo garantida a igualdade entre todos pela nossa Constituição Federal, art. 5º, o preconceito ainda existe(machismo), e isso dificulta a ascensão total da mulher (ainda que qualquer tipo de discriminação, racismo ou preconceito também é repudiada pela nossa Constituição Federal, onde é garantida a dignidade humana para todos, art. 1º).
No entanto, nosso padrão de família, do tipo Elementar, a família tradicional, comandada pelo homem da casa, sendo sua mulher e seus filhos “submissos” a ele, onde a voz que impera na maioria das vezes é a do homem vem sumindo cada vez mais, sendo que cada vez mais o sexo oposto tem poder dentro de casa.
Todavia o fato de ter poder dentro de casa não vem ao simples acaso deveras, foi um processo lento onde caminhou conquistando seus direitos saindo de casa para trabalhar e até podendo se divorciar sem ser má vista pela sociedade (fato esse, que ocorria em povos da antiguidade, e a mulher era extremamente má vista pelo resto da sociedade sendo as vezes apedrejada em praça pública). Acontecimentos que aos poucos levaram à mulher a conquistar sua própria autonomia, sem depender do seu marido.
Foi uma evolução desde as nossas famílias ancestrais, tradicionais que adotavam a monogamia (e adotam ainda), onde o número de cônjuges era de um homem e sua respectiva esposa somente, sendo a regra a mãe como educadora de seus filhos, e o pai, de procurar mantimentos (renda), para manter sua família. Tal regra foi abrindo uma exceção, e aos poucos a mulher foi ganhando seu espaço e a exceção foi virando regra.
Não desmerecendo aos homens, e muito menos sendo machista em relação às mulheres, era essa a realidade. O pai muitas vezes privado (atualmente são ambos) de um convívio direto com seus filhos e de ter uma participação direta em seu processo de endoculturação, onde a mulher é o grande agente educador dos seus filhos, e o homem o grande caminho a seguir pelos filhos. O pai era o alguém a se espelhar, em outros termos, era o ídolo a ser seguido pelos seus filhos, tradição essa que persistia a acontecer nas famílias até os anos 90.
Entretanto, devido ao fato de que, em nossa sociedade atualmente consumista como é de fato e também devido ao custo de vida ter aumentado, o homem não consegue nas maiorias dos casos manter a casa apenas com sua renda, tendo assim a ajuda da sua esposa que também tem um trabalho, e acopla sua renda com a do marido para dar maior condição de vida para seus filhos e para si próprios.
No entanto sabemos que as funções principais da família é dar a seus filhos um fundamento econômico (sustenta-los e dar-lhes uma vida digna) e também educá-los, dar-lhes a base, a educação moral e ética. Assim como ensinar seus primeiros passos, sua linguagem, seus costumes e valores, ou seja, é a família, os pais, em principal a mulher, devido ao homem sempre ausente devido ao trabalho, os responsáveis pelo processo de endoculturação de seus filhos, pelo ingresso desses pequenos seres humanos perante a sociedade. Mas sabendo dessa nova realidade familiar, quem teria o papel de tal processo? É aí que entra o Estado, querendo assumir esse papel de educação, privando os pais, que de tal maneira não teria tanto tempo para educá-los.
Sabendo que hoje, com a ascensão feminina, e não desmerecendo esta, começamos a nos deparar com um novo tipo de família, uma família onde os laços fraternais com seus filhos se afrouxaram com a insaciável busca de renda do bicho homem para manter a família, família essa que tenho reais dúvidas se ainda existe efetivamente.
Uma família que quem passa a cuidar de agora em diante da criação de seus filhos é o “Estado Pai-Mãe”, delegando mais uma função ao Estado (onde sabemos que não há a mínima comparação entre essa educação fundamental familiar,e a educação que o Estado daria sendo assaz inferior à primeira) e dando a eles maior soberania perante nós. Entretanto, estamos a criar uma nova geração cujos laços familiares e de pleno respeito ante seus pais se amolecerão, anulando assim a autoridade dos pais e dando maiores condições para que as agressões venham a emergir, tanto no âmbito familiar quanto fora dele.
De fato essa nova realidade acerca de família não influenciará em muito naquelas famílias de classe alta, média alta, e média, porque nessas conseguem bancar uma escola exemplar (particular) para seus filhos, onde em parte supre essa falta de base educacional familiar, de certo com deficiência.
O que realmente preocupa não são essas com melhores situações financeiras e sim aquelas mais convencionais da nossa sociedade, onde ambos trabalham,ou seja, tanto o pai como a mãe, e não conseguem dar a seus filhos uma boa base educacional por faltarem condições financeiras, tendo que contar com o Estado e como já sabemos com seu deficitário sistema educacional público.
Em termos severos, alocaremos nossos filhos ao mundo e daremos a outrem para que cuidem, porque nós não teremos tempo. Contudo, não sabem esses os males que causam aos seus próprios filhos, onde com certeza com o passar do tempo esses colocarão a mão na consciência e virão os males que fizeram, o tempo que perderam, e aquele mesmo peso na consciência aflorará , em dobro agora: “Nossa! Meu filho já desse tamanho, já está até namorando, nem o vi crescer, queria eu ter mais tempo para ter ficado, aproveitado e feito mais coisas com ele enquanto era criança, agora, já está com esse ‘tamanhão’, como o tempo voa não?!”.
Enfim, será um jogo de sorte, ou ainda uma roleta russa, onde colocaremos nossos filhos ao mundo e o que restará para fazermos é torcermos e rezarmos para que nasçam e sigam o caminho do direito, porque afinal tempo para ensiná-los o caminho não teremos não é mesmo?! O que torço é para que a percepção de que partiram para o caminho do errado não seja tardia.

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