quarta-feira, 9 de março de 2011

Depois de uma hora e entrevista a repórter turco, Gaddafi deixa hotel

Depois de uma hora e entrevista a repórter turco, Gaddafi deixa hotel

DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Após passar cerca de uma hora em um hotel em que jornalistas estão hospedados em Trípoli, o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, deixou o local na noite desta terça-feira sem falar aos repórteres que esperavam por algum tipo de declaração. Segundo a rede de TV americana CNN, o mandatário concedeu uma entrevista apenas a um jornalista turco e, ao final, foi embora.
Gaddafi chegou ao local pouco antes das 23h locais (19h em Brasília) e gerou tumulto entre os jornalistas que tentavam falar com ele, fotografá-lo ou filmá-lo.
No entanto, o ditador não pronunciou nenhuma palavra e seguiu para uma parte do hotel que não foi divulgada. Mas, usando uma túnica negra e um turbante de cor ocre, o coronel levantou os braços e cerrou os punhos em sinal de vitória.
A imprensa internacional dizia que a expectativa era a de que o mandatário falasse a qualquer momento com os repórteres, mas em nenhum momento houve uma confirmação oficial se isso realmente aconteceria.
A expectativa ocorreu no mesmo dia em que a liderança rebelde --que luta contra forças legais a Gaddafi pelo controle do país há 21 dias-- disse que, se o ditador renunciar dentro de 72 horas, não irá tentar levá-lo à Justiça.
"Se ele deixar a Líbia imediatamente, durante 72 horas, e parar com o bombardeio, nós, como líbios, iremos recuar de persegui-lo por crimes", disse Mustafa Abdel Jalil, chefe do Conselho Nacional Líbio, à Al Jazeera.
Mais cedo, a emissora de TV americana CNN informou que Gaddafi estaria trabalhando em um acordo para deixar o governo após 41 anos e para isso quer que os rebeldes da oposição garantam passagem segura para fora do país e que nem ele, nem sua família, sejam processados.
Gaddafi teria proposto um encontro do Parlamento líbio para acordar os termos da transição e os passos para sua renúncia. Segundo a TV Al Jazeera, os termos do ditador incluem ainda uma boa quantia em dinheiro.
O ditador teria inclusive enviado o ex-premiê Jadallah Azzouz Talhi para se reunir com os rebeldes e trabalhar na versão final de um acordo, pelo qual ele entregaria o poder a um comitê formado pelo Congresso Geral do Povo.
Mas os rebeldes rejeitaram qualquer oferta de negociação com o líder líbio para que ele deixe e o poder, e o governo afirmou que tais informações são "absolutamente sem sentido".
A jornalistas, membros do conselho disseram que tais conversas não existiram. O porta-voz dos rebeldes, Abdel Hafez Ghoga, também negou relatos de que a oposição teria prometido não tentar levar Gaddafi a julgamento se ele renunciar em três dias.
ZONA DE EXCLUSÃO AÉREA
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o premiê do Reino Unido, David Cameron, concordaram nesta terça-feira em planejar um "completo espectro de possíveis respostas" à Líbia, incluindo um embargo de armas e a imposição de uma zona de exclusão aérea no país.
A Casa Branca enfatizou o "completo espectro de respostas" em um comunicado sobre a conversa telefônica entre os dois líderes nesta terça-feira, destacando o potencial de uma resposta militar dos EUA e de seus aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte' enquanto a Líbia dá sinais de ir em direção a uma guerra civil.
O comunicado diz que Obama e Cameron concordaram que o objetivo deve ser acabar com a violência e a saída do ditador líbio, Muammar Gaddafi, "o mais rápido possível".
Os dois "concordaram em prosseguir com o planejamento, incluindo na Otan, de um completo espectro de possíveis respostas, incluindo vigilância, assistência humanitária, aplicação do embargo de armas e uma zona de exclusão aérea", diz o texto.
Impor uma zona de exclusão aérea provavelmente envolve um complexo comprometimento do poderio militar americano, mas cada vez mais pedidos por isso tem sido feitos, já que forças leais a Gaddafi atacam rebeldes com ataques aéreos.
As estimativas de mortes variam de centenas a milhares.
Os principais conselheiros de segurança nacional de Obama irão se reunir nesta quarta-feira para delinear quais ações são realistas e possíveis para pressionar Gaddafi a acabar com a violência e deixar o poder, disseram autoridades.
A reunião, que será realizada na Casa Branca, irá examinar as ramificações de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e potenciais opções militares, apesar de a decisão final ficar com Obama, de acordo com as fontes, que falaram sob condição de anonimato.
A secretária de Estado, Hillary Clinton, o conselheiro de Segunda Nacional, Tom Donilo, e o chefe da CIA (agência de inteligência americana), Leon Panetta, estão entre os que devem participar das discussões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário