terça-feira, 8 de março de 2011

Governo nega oferta de renúncia de Gaddafi; rebeldes dão sinal de apoio

Governo nega oferta de renúncia de Gaddafi; rebeldes dão sinal de apoio

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo líbio negou nesta terça-feira que o ditador Muammar Gaddafi tenha apresentado uma oferta de negociação à oposição. Os rebeldes, contudo, confirmaram uma oferta feita por "advogados de Trípoli" e dizem aceitar não processar criminalmente Gaddafi se ele deixar a Líbia imediatamente.
Uma fonte da oposição citada pela rede de TV americana CNN afirmou mais cedo que Gaddafi está trabalhando em um acordo para deixar o governo após 41 anos e para isso quer que os rebeldes da oposição garantam passagem segura para fora do país e que nem ele, nem sua família, sejam processados.
Em seus discursos desde o início da revolta popular, em 15 de fevereiro, Gaddafi disse não poder renunciar por não ter cargo. Ele alega não ser presidente ou rei e que quem governo é o povo líbio. Ele nega ainda que a revolta seja popular e culpa a rede terrorista Al Qaeda.
"É irritante ter que comentar uma bobagem deste tipo", declarou uma fonte governamental, citada pela agência de notícias France Presse. Uma outra fonte do governo chamou os relatos de "mentiras" em entrevista à CNN.
Os rebeldes confirmaram a oferta, mas disseram que não veio diretamente do ditador e sim de advogados de Trípoli.
"Gaddafi não enviou ninguém. Algumas pessoas se apresentaram como intermediários para interromper o banho de sangue e terminar com o sofrimento dos moradores habitantes de Misrata", afirmou o presidente do Conselho Nacional, Mustafah Abdelkhalil, ex-ministro da Justiça de Gaddafi.
Misrata é a terceira cidade do país, a 150 km de Trípoli, onde acontecem combates violentos. "São advogados militantes de Trípoli", acrescentou.
Inicialmente, os rebeldes rejeitaram a proposta, mas o Conselho Nacional já fala em renunciar a um processo criminal se Gaddafi abandonar o poder imediatamente.
"Estamos a favor evidentemente de acabar com o banho de sangue, mas Gaddafi deve primeiro renunciar e depois deve partir. E neste caso não iniciaremos ações penais contra ele", disse Abdelkhalil, sem explicar se a imunidade foi sugerida pelos advogados de Trípoli.
"Se ele deixar a Líbia imediatamente, em 72 horas, e parar com os bombardeios, nós, líbios, não vamos persegui-lo por seus crimes", continuou o ex-ministro da Justiça à rede de televisão Al Jazeera. Ele afirmou que o ultimato não será prorrogado.
Segundo a imprensa, Gaddafi teria proposto um encontro do Parlamento líbio para acordar os termos da transição e os passos para sua renúncia. Segundo a TV Al Jazeera, os termos do ditador incluem ainda uma boa quantia em dinheiro.
Bara Al Khatib, membro do conselho rebelde, disse que a oposição rejeita qualquer intervenção do Parlamento, pois seria "outorgar a ele uma legitimidade da qual carece".
O ditador teria inclusive enviado o ex-premiê Jadallah Azzouz Talhi para se reunir com os rebeldes e trabalhar na versão final de um acordo, pelo qual ele entregaria o poder a um comitê formado pelo Congresso Geral do Povo.

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