sábado, 26 de fevereiro de 2011

Obama ordena bloqueio de ativos de Gaddafi e sua família

O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou nesta sexta-feira (25) uma ordem executiva para congelar todos os ativos de Muammar Gaddafi, sua família e membros de seu regime. Essa é a primeira sanção de uma série anunciada pelos EUA.
Na ordem, Obama afirma que "Gaddafi, seu governo e seus estreitos colaboradores tomaram medidas extraordinárias contra os líbios, incluindo o emprego de armas de guerra, mercenários e uma violência sem sentido contra civis desarmados".
Além disso, explica que existe um "sério risco" de os ativos do Estado líbio serem malversados por Gaddafi, membros de seu governo e familiares do ditador se não forem protegidos.
Na lista das primeiras pessoas sancionadas estão Gaddafi, seus filhos Khamis, Aisha, Mutassim e Said el Islam.
Obama considera que as atuais circunstâncias, os ataques prolongados e o número cada vez maior de líbios buscando refúgio em outros países levaram a segurança da Líbia a se deteriorar, o que representa um sério risco para sua estabilidade e, portanto, uma "ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional e à política externa" dos EUA.
A ordem permite ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner, em consulta com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sancionar qualquer funcionário de alta categoria da Líbia, os filhos de Gaddafi e todas as pessoas responsáveis -- ou cúmplices -- pela ordem, controle, direção e participação em violações de direitos humanos relacionadas com a repressão política na Líbia.
Também podem receber sanções as pessoas que emprestaram apoio material, financeiro ou logístico para estes abusos, as que tiverem atuado em nome daqueles e as esposas e os filhos das pessoas que figuram na lista negra dos EUA.
Em comunicado, Obama insistiu que as contínuas violações dos direitos humanos, o tratamento brutal voltado aos líbios e as ameaças geraram uma ampla condenação da comunidade internacional.
"O governo de Muammar Gaddafi violou normas internacionais e a decência comum e tem que responder por suas ações", assinalou Obama.
O presidente dos EUA assegurou que as sanções se dirigem ao regime de Gaddafi e pretendem proteger os ativos que pertencem aos líbios, e não ao coronel e a seus parceiros e familiares.
Obama assegurou ainda que daqui para frente os EUA seguirão coordenando de perto suas ações com a comunidade internacional, de maneira bilateral e multilateral, como na ONU (Organização das Nações Unidas).
"Apoiamos firmemente os líbios em sua exigência de que sejam respeitados os direitos universais e em sua reivindicação de um governo que responda a suas aspirações. A dignidade humana não pode ser negada", assinalou.
ONU
Horas após os EUA fecharem sua embaixada na Líbia e avançarem com as sanções unilaterais contra o país, Saif al Islam, filho do ditador Muammar Gaddafi, disse que espera negociar uma trégua com duas cidades que registram confrontos e o Conselho de Segurança da ONU confirmou uma reunião no sábado para discutir suas medidas punitivas ao regime líbio. O encontro está previsto para as 13h (horário de Brasília) e tem como objetivo aplicar medidas "decisivas" o mais rápido possível.
Os embaixadores dos 15 membros do Conselho retomarão o diálogo para tentar superar as diferenças que impediram o consenso quanto às sanções no encontro de emergência desta sexta. O projeto de resolução foi apresentado pela França e o Reino Unido.
O documento inclui a declaração de um embargo de exportação de armas à Líbia, assim como o congelamento dos bens e a proibição de que a cúpula do regime líbio liderada pela família Gaddafi possa viajar.
Além disso, pede ao TPI (Tribunal Penal Internacional) que averigue os possíveis crimes de guerra e contra a humanidade cometidos durante a repressão dos protestos.
TRÉGUA
Ainda na noite desta sexta, o filho do ditador líbio, Muammar Gaddafi, tentou minimizar a extensão da rebelião que domina grande parte da Líbia, e disse que espera negociar até este sábado uma trégua em duas cidades conturbadas.
Falando em inglês a jornalistas levados a Trípoli sob escolta oficial, Saif al Islam Gaddafi afirmou que os rebeldes que se renderem ficarão ilesos, e admitiu que a Líbia precisa de reformas.
Seu relato sobre a situação, no entanto, parece ser desmentido pelo controle exercido nos últimos dias no leste do país por grupos que desejam o fim do regime de Gaddafi, no poder desde 1969. Há relatos também de que a rebelião já chegou à capital e arredores.
Mas o filho do ditador disse que só há violência em duas cidades do oeste da Líbia, e qualificou como "mentiras" os relatos da imprensa de que militares teriam bombardeado civis ou que o governo teria contratado mercenários.
"Estamos rindo desses relatos. Exceto por Misurata e Zawiya, tudo está calmo (...). As negociações continuam, e estamos otimistas. Em Misurata e em Zawiya temos um problema", disse.
"Estamos lidando com terroristas. Mas tomara que eles estejam ficando sem munição. Tomara que não haja mais derramamento de sangue. Até amanhã iremos resolver isso. O Exército decidiu não atacar os terroristas e dar uma chance para as negociações. Tomara que façamos isso pacificamente."
APARIÇÃO
Gaddafi fez uma rápida aparição nesta sexta-feira na praça Verde, em Trípoli, para pedir à multidão de seguidores no local que "defenda a Líbia", segundo imagens mostradas pela rede de TV americana CNN.
"Defendam a Líbia e os interesses da Líbia. Estamos prontos para triunfar contra os inimigos", disse o ditador.

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