segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ricardo II

Eu, não; não, eu; pois um nada terei de ser.
Assim, nenhum “não”, pois abdico em ti.
Agora vê como me desfaço de mim.
Retiro este peso morto da minha cabeça,
Este cetro desmesurado da minha mão,
O orgulho do poder régio do meu coração;
Com as lágrimas lavo os óleos,
Com as minhas mãos entrego a coroa,
Com a língua renego o meu reino sagrado,
Com o próprio respirar quebro todos os votos;
Renuncio a toda a pompa e majestade;
Abandono feudos, rendas e rendimentos
Revogo leis, decretos e estatutos.
Deus perdoe os juramentos que me foram violados,
Deus guarde invioláveis os que te fizerem.
Fazei com que nada, que nada tenho, me angustie,
E que tudo a ti, que tudo tiveste, te alegre.
E Ricardo em breve possa jazer numa cova.
Salve, Rei Henrique, diz o destronado Ricardo,
Deus vos dê muitos anos de dias de sol!
Que falta ainda?

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