domingo, 13 de fevereiro de 2011

Arena de Gladiadores

Arena de gladiadores

Em 1960, o Brasil tinha 100 mil estudantes universitários. Hoje conta com mais de três milhões. Ou seja, a cada ano, milhares de profissionais das áreas de Humanas, Biológicas e Exatas chegam ao mercado em busca de emprego. A má notícia é que não há emprego de qualidade para todos.
O problema reside no crescimento lesmar da economia brasileira. A expectativa para 2007 na ordem de 3,5%, segundo levantamento do Banco Central, é alarmante. Se essa estimativa se confirmar, o país crescerá muito abaixo dos vizinhos latino-americanos. Sem a adoção de novos rumos na economia, o quadro sistêmico se manterá desfavorável para um crescimento que gere emprego com carteira assinada.
Não é à toa que, com poucos empregos formais, o número de recém graduados desempregados, subempregados, exercendo trabalhos rotineiros (fora da área de formação) e mal remunerados cresce assustadoramente.
Infelizmente, além da falta de oportunidade por conta do fraco desenvolvimento econômico, verifica-se um outro fator que frustra as expectativas dos recém-formados: a exigência de uma gama de requisitos educacionais pelo mercado em busca de profissionais qualificados.
Os poucos empregadores justificam a não contratação através dos critérios de falta de experiência, de fluência em língua inglesa ou espanhola e de especialização na área. Na escalada para o sucesso, candidatos com experiência acadêmica no exterior são mais valorizados. Esses pré-requisitos constituem o perfil “sofisticado” que as grandes empresas solicitam dos candidatos à vaga.
Então, para o ingressante na educação superior se inserir na lógica do profissional de elite, deve adquirir os conhecimentos e as técnicas exigidas pelo curso e mais as habilidades requeridas pelo mercado. Eis as dicas da economista e professora Liana Aureliano (Folha 16/08/05):
1) Dominar perfeitamente todas as técnicas necessárias ao exercício da profissão.
2) O profissional deve dispor da capacidade de comunicação e expressão, escrita e oral, evidentemente em língua portuguesa. E pelo menos dispor também em língua inglesa.
3) Estar permanentemente conectado ao mundo. Ou seja, estar sempre muito bem informado e ter consciência das principais questões éticas, econômicas, sociais, políticas e culturais do país e do mundo.
4) Saber pensar e resolver problemas, trabalhar em grupo, ter iniciativa e liderança.
5) Capacidade de incorporar novos conhecimentos durante toda a vida profissional.
6) Ao procurar a instituição de ensino superior deve pesquisar a competência de quem a dirige, se os professores são titulados, experientes e têm notoriedade profissional, se os currículos estão ajustados ao mercado de trabalho.

Sabemos que o século XXI relativo ao emprego formal é muito exigente por conta da Revolução do Conhecimento, ditada pelas inovações tecnológicas e pela Revolução do Comportamento, determinada pelas novas exigências do ambiente profissional.
Para concorrer nessa “arena de gladiadores” e obter um emprego de qualidade, com excelentes horizontes de carreira, a geração jovem deve adotar estratégias a curto, médio e longo prazo para enfrentar “os leões, tigres e elefantes” do competitivo mercado de trabalho. É angustiante para nós educadores, de educação em nível superior, reconhecer que nem sempre isso é possível para a maioria dos nossos universitários.
O que fazer diante dessa realidade?
Bem, o educador “consciente” da fragilidade educacional brasileira tem papel fundamental. Além da tarefa de instruir, orientar, motivar, apoiar, acolher, estimular, capacitar, ele deve buscar, principalmente, suprir as carências do educando advindas do ensino básico. É gratificante perceber que, em meio às dificuldades, há uma juventude criativa, esforçada, dedicada, inteligente, disposta a produzir em todos os campos do conhecimento: arte, cultura, estética, ciência, tecnologia e lazer.
Mas não basta lapidar comportamentos e incutir conhecimentos que atravessem e superem defasagens causadas pela injustiça social. É preciso tornar nossos estudantes competitivos. É preciso inseri-los no mercado do trabalho. É preciso ofertar oportunidades.

José Renato Ferraz da Silveira.

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